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Yakuza: Like a Dragon

Yakuza: Like a Dragon

Muito mudou neste novo Yakuza, mas o espírito da série mantem-se bem vivo.

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Parece-nos um belo sinal do quão bizarro é Yakuza: Like a Dragon, quando os fãs da série pensaram que o anúncio do jogo era uma brincadeira. É que com a conclusão da enorme saga de Kazuma Kiryu, a Sega decidiu criar algo realmente diferente para a nova saga, e isso surpreendeu os fãs. Afinal de contas, ninguém esperava que o jogo de ação passasse a ser um RPG por turnos, mas é mesmo o que aconteceu.

Nos últimos dias passámos muitas horas com a versão Xbox Series X de Yakuza: Like a Dragon, e podemos confirmar que se trata realmente de um jogo muito estranho - mas isso não é negativo. Mas acima de tudo, Yakuza: Like a Dragon é um excelente ponto de entrada para novatos, já que apresenta uma nova história com personagens inéditas, além de muitos sistemas originais.

Como já referimos, a principal mudança está no sistema de combate, que passou de ação em tempo real para uma jogabilidade por turnos, onde irá controlar até quatro personagens através de menus. Pode executar ataques simples, habilidades especiais que custam pontos de magia, utilizar itens, aplicar ou sofrer efeitos positivos ou negativos, e até realizar o que pode ser considerado como o equivalente a invocações. Depois de cada combate é presenteado com um ecrã de vitória, onde pode ver quantos pontos de experiência ganhou, e que itens desbloqueou. Até existem "profissões", que equivalem às classes de jogos como Final Fantasy.

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Isto é uma mudança radical para a série, e como tal, pode desiludir muitos fãs. Da parte que nos toca, contudo, gostámos imenso deste novo sistema de combate, apesar de também gostarmos do anterior. Existe algo de encantador no quão 'old school' é este sistema por turnos, até porque encaixa na perfeição com o espírito do novo protagonista Ichiban Kasuga. Afinal de contas trata-se de um apaixonado de videojogos, em particular do género RPG, e até considera Dragon Quest como uma espécie de bíblia com todas as respostas para a vida.

É outra grande mudança, passar do super-sério Kazuma Kiryu para o descontraído Ichiban Kasuga, que tem mais em comumc com alguém como Naruto e Goku, do que com o protagonista anterior. É um tipo engraçado, com reações super-exageradas a praticamente tudo, e que está dotado de um coração de ouro, embora a sua inteligência não possa ser elogiada da mesma forma.

Yakuza: Like a Dragon

Kasuga teve origens simples, criado num Soapland (uma espécie de bordel japonês mais ligeiro). Através de dedicação e trabalho árduo, conseguiu estabelecer-se na máfia japonesa, e leal como é, aceitou assumir as culpas por um crime que não cometeu. Cumpriu a pena, de quase duas décadas, e agora esperava uma receção calorosa pelo que fez, mas não é isso que acontece. Não vamos dizer o que acontece, mas eventualmente irá parar ao distrito fictício de Isezaki Ijincho, que tem muitas diferenças à habitual Kamurocho dos jogos anteriores.

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Isezaki é um verdadeiro mundo para o jogador descobrir, com pequenas lojas, casinos, bares, karaoke, salões arcade com jogos reais, e muito mais. Até existem atividades como corridas de kart, recolha de lixo, e gestão de empresas, o que significa que variedade não falta a Yakuza: Like a Dragon. E claro, não seria Yakuza se as ruas também não estivessem repletas de pilantras a pedirem uma boa sova.

Tudo isto é fantástico, mas também temos algumas queixas a apontar. Existe uma grande separação entre a história, e a forma como ela é contada via sequências cinemáticas, e a jogabilidade. São dois mundos completamente separados, mais do que é habitual mesmo em jogos com estruturas semelhantes. E depois há também a questão da duração dessas sequências cinemáticas, algumas tão longas que a televisão até pediu para se desligar devido a inatividade. Existem tantos diálogos, e tão longos, que alguns até só aparecem na forma de texto, o que mais uma vez é típico da série, mas não o torna em algo positivo. Esta é a estrutura que a saga usa desde a PlayStation 2, e a Sega perdeu uma bela oportunidade de a modernizar com este novo arranque. Também nos parece que o estúdio teve mais olhos que barriga, no sentido em que alguns sistemas não estão tão bem desenvolvidos como poderiam. O sistema de profissões em particular foi algo desapontante na sua falta de profundidade.

Yakuza: Like a Dragon não é um jogo com grandes falhas, mas tem os seus defeitos que devem ser considerados. Felizmente, não o suficiente para terem arruinado a nossa experiência com o jogo, já que apreciámos imenso a história, a jogabilidade, as personagens, e as várias atividades extra. Visualmente, Yakuza: Like a Dragon não é um portento técnico, mas é muito variado e divertido, com alguns pormenores de grande qualidade. Existem alguns elementos de Yakuza que já merecem ser modernizados, mas ainda assim, Like a Dragon assumiu-se como um belo início de uma nova saga épica de mafiosos japoneses.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Sistema de combate por turnos é divertido. Excelente protagonista. Mundo interessante com muitas atividades. História empolgante.
-
Narrativa e jogabilidade parecem viver em mundos diferentes. Sistema de profissões podia ter sido mais desenvolvido.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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