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Valiant Hearts: The Great War

Valiant Hearts: The Great War

Explorar a realidade da guerra, não com balas, mas com palavras.

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Durante o mês passado, nas redes sociais, deparámo-nos com um artigo intitulado [título traduzido] "20 Fotos que Mudam a Narrativa do Holocausto". Fotografias cujo propósito passam por nos abanar das imagens a que a história nos habituou e com as quais associamos normalmente esse período. Fotos que nos lembram que existiram pessoas que sofreram, viveram e amaram durante esses anos. Uma espécie de despertar emocional para uma realidade normalmente observada de forma objetiva.

Durante o nosso tempo com Valiant Hearts recordámo-nos com frequência dessas imagens. Trata-se de um jogo de puzzles e aventura em 2D, da Ubisoft Montpellier, que retrata a Primeira Grande Guerra durante o percurso de um ano através de quatro perspetivas diferentes. Notável, que num jogo sobre a guerra, cheio de morte e destruição, não terão de disparar um único tiro ou matar uma única pessoa. Mais, até vão sorrir a espaços e admirar vistas surpreendentes. Visualmente emprega um estilo cartoonesco, mas transmite emoções e personagens reais. É uma rendição artística da realidade, um retrato da vida humana durante um conflito que abanou o mundo.

Valiant Hearts: The Great War

"É um jogo sobre a guerra, não é um jogo de guerra" afirma Gregory Hermittant, Associate Producer de Valiant Hearts, e existe uma distinção evidente. Como já referimos, não vão disparar um único tiro, mas não é uma abordagem surpreendente vindo de quem vem. Esta é afinal a equipa que retratou propaganda e política apenas com uma câmara e com a verdade, personificados na jornalista Jade de Beyond Good & Evil. Valiant Hearts é marcado por uma distinção semelhante, mesmo enquanto atravessam a fase tutorial do jogo, enquanto Carl é arrancado da sua família e quinta para a frente de batalha. Quando tem de afastar combatentes inimigos do caminho, aqui na forma de bonecos de treino, ele nunca usa a baioneta da sua arma, em vez disso dá-lhes uma coronhada. Na prática podem derrubar inimigos no jogo para deixá-los inconscientes, não matá-los. Em contra-partida vão assistir enquanto batalhões inteiros são desfeitos ao ritmo das metralhadoras - os protagonistas são pacíficos, o jogo não.

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Valiant Hearts chamou a atenção de imediato durante o DigiDays de 2013, juntamente com Child of Light. Ao contrário desse fantástico jogo, contudo, em Valiant Hearts só existe um nome para a arte e mais uns quantos para a produção inteira. Este é verdadeiramente um projeto de paixão. Originalmente começou como uma distração durante a hora de almoço enquanto alguns membros da equipa em Montpellier 'brincavam' com a tecnologia UbiArt (a mesma de Child of Light e Rayman). O número de participantes começou a crescer e eventualmente tornou-se num projeto real. É um título com sabor a Indie que permite manter a criatividade da equipa entre os jogos maiores.

O jogo alterna entre os quatro protagonistas, marcando o seu progresso e eventuais encontros através de um mapa e de diálogos entre capítulos. A vossa interação com tudo isto acontece sobretudo durante a resolução de puzzles. É uma opção de jogabilidade que parece lenta considerando o tema, mas existe um contexto para isso. Embora alguns dos puzzles que encontrámos não tenham sido exatamente fáceis, a sua dificuldade não irá escalar com o progresso no jogo. Uma decisão consciente da produtora, que pretende que todos possam ultrapassar a história até ao final. Pela nossa experiência a narrativa desenrola-se de forma a que o jogador esteja sempre investido e os puzzles são elusivos o suficiente para manterem o interesse.

Valiant Hearts: The Great War

Cada uma das personagens jogáveis tem uma árvore de habilidades específica, contextualizada com as respetivas histórias. No início da aventura Emil é capturado pelo inimigo e obrigado a trabalho forçado, contudo, quando o campo é atacado consegue utilizar os seus utensílios culinários para cavar um buraco. Anna é uma doutora que tem de procurar equipamento explorando o campo de batalha, endireitando ossos e curando feridas através de um mini-jogo com tempo. É com ela que encontramos um exemplo do espetro de emoções que o estúdio pretende transmitir: Anna abandona Paris com um táxi roubado, como parte de uma frota que transporta soldados para o campo de batalha. O que acontece de seguida é um momento que não vamos estragar, mas que é especial e merece ser experienciado em primeira mão.

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Freedy, o soldado americano recrutado como um voluntário francês, é possivelmente o mais próximo que estarão do papel tradicional. Pode cortar fios de arame e é ágil com granadas. Ainda assim, o seu motivo para se juntar é muito pessoal; uma procura de vingança que é gradualmente revelada através de pequenas cutscenes. Depois existe Walt, o cão, que de certa forma liga as personagens. No nosso curto espaço de tempo com o herói canino foi possível perceber que se tornará uma peça essencial na resolução de puzzles.

Valiant Hearts: The Great War será lançado durante o próximo mês. Tal como Child of Light, acreditamos que será uma recomendação fácil, mas estejam descansados que, tal como aqui, procuraremos revelar o mínimo possível sem estragar a experiência, porque é o tipo de jogo que merece essa abordagem.

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