Tales from the Borderlands

Por esta altura estamos todos familiares com a fórmula da Telltale Games. A produtora utiliza um formato semelhante às séries de televisão, onde cada jogo assume a forma de uma temporada dividida em cinco episódios, lançados com várias semanas de intervalo e cada um com duas a três horas de jogo. Existem alguns puzzles para resolver e um ou outro momento de ação, mas a base da experiência reside na força do argumento e nas decisões do jogador.

Tales from the Borderlands, inspirado no universo de Borderlands da Gearbox, segue essa fórmula à letra, mas oferece também a oportunidade da Telltale Games abordar algo um pouco mais bem-disposto e disparatado que os seus outros jogos. The Walking Dead, The Wolf Among Us e Game of Thrones (em produção), são excelentes fontes de referências, mas os três partilham conteúdo muito pesado e sério.

Borderlands, por outro lado, é conhecido pelo seu humor negro, pelas tiradas das suas personagens e por momentos de parvoíce. Pelo que vimos na E3, Tales of Borderlands estará recheados de referências igualmente disparatas e uma boa dose de humor negro.

Mesmo antes de experimentámos o jogo, já pensávamos que seria uma boa proposta para quem é fã da Telltale e de Borderlands, e agora que já o jogámos, estamos ainda mais convencidos disso. Até vamos mais longe, a forma brilhante como a narrativa é apresentada ao jogador merece ser destacada. A história é contada através de duas personagens centrais, Rhys e Fiona, mas cada um relembra os eventos através das suas perspetivas específicas e não têm receio de "moldar" alguns factos se isso for do seu interesse.

Durante a E3 tivemos oportunidade de ver os 40 minutos iniciais do primeiro episódio do jogo. Este capítulo em específico parece concentrar-se sobretudo em Rhys e no seu passado. Vão conhecer algumas das peripécias que enfrentou enquanto procurava uma chave para o Vault.

Rhys é um funcionário da Hyperion, e depois dos eventos de Borderlands 2, ponderou a hipótese de se tornar no novo Handsome Jack. Infelizmente para o protagonista, o cargo foi ocupado por um tipo chamado Vasquez e logo numa das primeiras sequências do jogo vão vê-lo com atitudes forçosamente subservientes. Pelo meio, porém, também ouve algo sobre uma chave de um Vault que Vasquez quer comprar. Sem perder tempo, Rhys procura o auxílio do parceiro Vaughn e ambos parte para Pandora à procura da chave. Obviamente que não tardam a encontrar problemas, e embora não exista ação direta, isso não implica que o ritmo seja lento.

Os diálogos e as tiradas cómicas conseguem aumentar o ritmo do que costuma ser um jogo da Telltale e o facto de que a recolha de espólios pode ter consequências na história, significa que não são só as decisões vão moldar a narrativa. As personagens vão recordar-se de quem retiraram espólios e o facto de carregarem dinheiro a mais ou um item específico, pode ter efeitos inesperados.

Depois de alguns encontros menos amigáveis, Rhys e Vaughn acabam por encontrar o tipo que se quer desfazer da chave do Vault. Como o duo não é, obviamente, Vasquez, a situação torna-se rapidamente agressiva. Rhys, segundo a versão contada pelo próprio, ficou impaciente com toda a situação e decidiu arrancar o coração do vendedor.

Rhys parece ser uma personagem interessante. Este não é um herói típico, aliás, este não é um herói de todo e até parece ter um lado bastante maldoso. Contudo, os seus implantes cibernéticos garantem-lhe algumas habilidades especiais - tem um olho que lhe permite uma visão extra e um braço com muitos usos. Já Fiona parece ter pouco em comum com Rhys, embora só apareça em cena pouco antes de terminar a demonstração. Ela é uma caçadora, que acaba por também ficar interessada nesta caça à chave depois de Rhys embelezar alguns momentos do que aconteceu até ali.

Antes de terminarmos o texto, voltemos um pouco atrás. Porque estão Rhys e Fiona a recontar a história de como encontraram a chave do Vault? Esta é a maravilha da técnica narrativa da Telltale para este jogo. Parece que existe uma misteriosa terceira personagem cuja identidade, segundo a Telltale, "vai explodir a mente dos fãs de Borderlands". Esta figura misteriosa tem o duo sob ameaça e está a obrigá-los a partilharem os eventos que os levaram até lá. Curiosamente, neste ponto Rhys e Fiona parecem estar com pouca disposição um para o outro, por algum evento que vamos conhecer mais tarde. Esta técnica prendeu-nos o interesse e estamos curiosos para ver como as decisões tomadas durante cada perspetiva irá afetar a relação entre o duo e esta figura misteriosa. Está a ganhar boa forma esta aventura da Telltale por Pandora.