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Star Ocean: Integrity and Faithlessness

Star Ocean: Integrity and Faithlessness

A série continua a sua curva descendente para a mediocridade.

Star Ocean: The Last Hope continha algumas das cenas de diálogos mais embaraçosas que alguma vez ouvimos e foi por isso que ficámos surpreendidos quando Star Ocean: Integrity and Faithlessness acabou por se mostrar um pouco melhor nesse aspeto. A má notícia é que a série deixou de ser um embaraço cómico para passar a ser apenas medíocre.

A premissa da história é simples: os amigos de infância Fidel e Miki vivem numa aldeia que é atacada por salteadores. A dupla vai até à capital em busca de ajuda, mas como a nação está em guerra com um país vizinho a oeste não há nada a fazer. Pelo caminho, os amigos vêm uma misteriosa "nave espacial" a despenhar-se, com uma jovem rapariga a sair dos destroços seguida por figuras alienígenas. Em breve é revelado que a rapariga, Relia, possui poderes misteriosos e Fidel e Miki focam-se em resolver o mistério. Na sua demanda pela verdade encontram um grupo de personagens coloridas, mas as suas motivações para se juntarem a nós e arriscarem as suas vidas por uma rapariga que não conhecem não são claras; o jogo não perde tempo com assuntos "triviais" como motivações ou personagens bem construídas.

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A produtora Tri-Ace tentou integrar o diálogo e os eventos sem quebras na jogabilidade. Não existem praticamente "cutscenes" tradicionais e é mais frequente ver as personagens abrandarem e a falarem entre si. É positivo ver a Tri-Ace a experimentar algo de novo, mas a verdade é que acabámos por nos sentir ainda mais distanciados da história. Na maior parte do tempo nem sabemos quem está a falar e não há nenhum sentido dramático quando as personagens se limitam a ficar paradas a falar, com expressões faciais praticamente indistinguíveis.

Pelo menos, a Tri-Ace fez um bom trabalho do ponto de vista visual. Está longe de Uncharted 4: A Thief's End, mas corre com suavidade a 60 frames por segundo e parece bem polido. Os cenários teriam beneficiado de um pouco mais de detalhe, mas os designs das personagens, dos monstros e de alguns locais elevam a impressão geral sobre o grafismo. O sistema de batalha é aceitável e é semelhante a Final Fantasy XII e aos títulos da série "Tales of" no sentido em que controlamos uma das personagens, mas podemos trocar para as outras com um simples premir de botão. Existem diferentes funções que devemos aprender a usar e a melhor maneira de o fazer. Uma personagem recebe as funções de curandeiro, outra as de guerreiro e por aí

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fora. De acordo com o jogo, é possível personalizarmos os padrões de comportamento das personagens durante os combates, mas não podemos dizer que isto seja funcional na prática. Mesmo se colocarmos uma personagem na defensiva, ela continua a agir de forma desenfreada na próxima luta.

O tutorial do jogo continua a dar ênfase à sua filosofia base de pedra-papel-tesoura onde um determinado ataque é eficaz contra outro, que por sua vez é eficaz contra um terceiro. Mas no caos que se segue quando sete personagens combatem ao mesmo tempo e o ecrã explode numa nuvem de efeitos de luz é impossível jogar de acordo com este conceito. Ao invés, torna-se mais fácil simplesmente jogá-lo como se fosse um "hack 'n slash", o que até não funciona nada mal. Apesar das mecânicas algo superficiais, o combate continua a ser divertido. As transições entre a exploração e a pancadaria são rápidas e as batalhas têm um ritmo elevado e são na maior parte gratificantes o suficiente.

Por entre os aspetos mais irritantes do jogo estão algumas das lutas contra bosses e quando o nosso grupo tem de proteger uma personagem em específico. Em Star Ocean: Integrity and Faithlessness a tarefa de proteger um determinado NPC enquanto desativa uma bomba ou abre uma porta é-nos atribuída com frequência. O próprio conceito é irritante, mas a Tri-Ace consegue piorá-lo ainda mais ao permitir que o boss ataque com violência a personagem que não pode morrer. Mais frustrante ainda é o facto de que vários destes momentos seguem-se a uma sequência de diálogo longa, aborrecida e impossível de ignorar. Se morrermos - ou melhor, se a personagem que temos de proteger morrer - temos de voltar a passar por tudo isto.

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Se quisermos comparar Star Ocean: Integrity and Faithlessness a um carro, poderíamos fazê-lo com um velho e aborrecido Saab. Funciona, leva-nos onde queremos ir, mas a viagem é desconfortável e não tem ar condicionado nem rádio. Traduzindo isto para terminologia de videojogo, o grafismo é agradável, os controlos são aceitáveis, a música é típica do género e o sistema de batalha é sólido. Ao mesmo tempo, o jogo é prejudicado por uma IA suicida que remove toda a profundidade. E temos de revisitar várias vezes áreas antigas, muitas vezes corredores iguais disfarçados de florestas ou desfiladeiros, e a história e as personagens são menos que cativantes.

Feitas as contas, existe apenas uma coisa que se distingue verdadeiramente aqui: o título, Integrity and Faithlessness. É um título horrível e um concorrente sério a "título mais feio do ano" juntamente com Kingdom Hearts HD 2.8: Final Chapter Prologue. E isso deve dizer-nos tudo o que precisamos de saber sobre o jogo: que o subtítulo é o elemento que mais se destaca.

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Star Ocean: Integrity and FaithlessnessStar Ocean: Integrity and FaithlessnessStar Ocean: Integrity and Faithlessness
05 Gamereactor Portugal
5 / 10
+
Visualmente impressionante, bela banda sonora ao estilo de JRPG, sistema de combate razoável.
-
A história e as personagens não se destacam, algumas lutas horríveis contra bosses, é necessário revisitar muitos cenários, não é capaz de se distinguir.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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