Snack World: The Dungeon Crawl - Gold

Snack World: The Dungeon Crawl - Gold é mais um caso de um jogo de Nintendo 3DS que dá o salto para a Nintendo Switch, mas este tem um incentivo extra, já que marca a estreia do jogo na Europa. Esta versão de Snack World inclui todo o conteúdo extra da versão 3DS, além de alguns melhoramentos a nível de jogabilidade e grafismo. É um misto de coleção de criaturas ao estilo de Pokémon, com a exploração de masmorras e combate de The Legend of Zelda, e foi produzido pela Level-5, estúdio de jogos como Ni no Kuni e Yo-Kai Watch.

Em Snack World vai assumir o papel de um aventureiro solitário, que acordou perto do reino colorido de Tutti Frutti sem qualquer memória de quem é. Depois de descansar na hospedagem da cidade, o protagonista decide ajudar o Rei de Tutti Frutti na sua tentativa de impressionar a filha. Como? Arriscando a sua própria pele para conseguir algo impressionante que a filha possa mostrar nas suas redes sociais. Um objetivo ridículo, como é óbvio, que cedo acaba por dar lugar a algo bem mais interessante e ao verdadeiro propósito desta aventura.

Não vamos revelar mais detalhes da história, mas podemos dizer que apreciámos bastante o estilo da escrita de Snack World, sempre disposto a quebrar a quarta barreira para se dirigir ao jogador. Também ficámos surpreendidos com a maturidade de algum do humor do jogo, sobretudo considerando o seu aspeto cartoonesco. Só lamentamos que não tenham sido utilizadas vozes para dar ainda mais carácter às personagens.

O sistema de combate é claramente inspirado em The Legend of Zelda, e inclui mecânicas que incentivam a uma troca regular de armas durante o combate. A qualidade das armas vai ficando desgastada durante o combate, e além desse incentivo, os inimigos incluem fraquezas que respondem melhor ou pior a diferentes tipos de armas. Estamos a falar de lanças, espadas, crossbows, e machados, entre outras, que deve equipar antes de partir para a exploração de masmorras. Aí, contudo, irá encontrar uma tremenda variedade de armas equipamento entre os espólios e tesouros, além de recursos para criar ainda mais opções.

Como referimos em cima, Snack World também inclui elementos de captura e coleção de criaturas, denominadas precisamente de "Snacks". Existem cinco tipos diferentes de Snacks que pode auxiliar o jogador - Ataque, Defesa, Suporte, Armadilhas, e Segredo -, e cada um destes tipos tem os seus próprios perfis de estatísticas e habilidades. Dentro de cada tipo existe depois uma grande variedade de criaturas para colecionar, que podem juntar-se ao jogador como parte do grupo, ou podem ser equipados nos itens. Se forem usados em combate, permitem que o protagonista assuma a sua forma durante algum tempo. Este elemento do jogo não só permitiu explorar diferentes táticas, como também acrescentou grande variedade visual.

Além das missões principais de história que pode seguir, existem também objetivos secundários e opcionais, divididos nas categorias de Treino, Caça, Investigação, e Recolha. As melhores destas missões secundárias colocaram em situações curiosas ou apresentaram-nos personagens interessantes, mas infelizmente, essas missões acabaram por ser a exceção à regra, já que a maioria do conteúdo secundário é repetitivo e sem grande interesse. E na realidade não são assim tão "opcionais" quanto isso, já que por vezes sentimos a necessidade de as cumprir só para subir o nível e conseguir acompanhar a exigência da história.

Quanto às masmorras em si, são geradas de forma automática, no sentido em que organizam salas, armadilhas, inimigos, e recompensas. Na sua maioria são relativamente lineares, mas a necessidade de encontrar várias chaves ou alavancas, acaba por acrescentar alguma complexidade ao design. Também existe um certo elemento de risco e recompensa, com algumas surpresas desenhadas para enganar o jogador. E uma palavra de aviso para o facto de Snack World não incluir checkpoints - se morrer, mesmo que seja num boss, terá de repetir a masmorra a partir do início.

Não tivemos a oportunidade de jogar o original, mas pelas comparações que fizemos, são notórias as melhorias gráficas da versão Switch. As texturas estão mais detalhadas, os contornos mais arredondados, e a imagem no geral é bem mais limpa e definida. E ainda apreciámos imenso a qualidade da banda sonora, ao ponto de por vezes darmos por nós a cantarolar o tema.

Uma palavra ainda para a opção de jogabilidade cooperativa, que permite a cooperação de até quatro jogadores. Infelizmente, apenas o conteúdo secundário está disponível para co-op, já que a história tem de ser desfrutada em modo a solo. Considerando a variedade de criaturas e loot que o jogador apanha durante a aventura, também ficámos desapontados com a incapacidade para fazer trocas com outros jogadores do grupo.

Esse modo cooperativo desapontante, aliado a níveis de produção algo reduzidos - voltamos a lembrar que o jogo não tem vozes -, e à natureza repetitiva do conteúdo secundários, impedem Snack World de chegar um pouco mais alto, mas mesmo como está, é uma recomendação fácil para fãs do género. É um RPG de ação polido, interessante, e divertido, com muita exploração, variedade, e opções táticas. Mais do que justifica o salto para a Switch e um lançamento europeu.