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FIFA 17

O que tem de mudar em FIFA 17

Cinco alterações essenciais para que o simulador da EA Sports volte a dominar os relvados virtuais.

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FIFA já existe desde 1993, ano em que se estreou com FIFA International Soccer. Durante os anos que seguiram a série sofreu muitos altos e baixos, e foi só em 2008, com o lançamento de FIFA 09, que esse trajeto estabilizou num percurso positivo. FIFA passou PES, em qualidade e vendas, e a EA parecia bem encaminhada para um arranque forte na nova geração, mas não é isso que se está a verificar. Depois de uma estreia promissora na nova geração com FIFA 14, a EA Sports decaiu com FIFA 15 e FIFA 16. E não somos só nós que o dizemos, basta ver esses dois jogos foram os piores classificados pela imprensa desde FIFA 08.

A situação é ainda mais grave para FIFA se considerarmos que o consenso em torno de Pro Evolution Soccer 2016 é bastante positivo, apesar do jogo ter também problemas. Enquanto desejamos que PES continue também a crescer, acreditamos que ainda há esperança para o simulador de futebol da EA Sports, e decidimos identificar cinco falhas que podem inverter a situação, se forem resolvidas em FIFA 17.

1) Dificuldade ajustada

FIFA, e praticamente todos os jogos de futebol, tentam oferecer desafios para todos os níveis de jogadores, mas surgem sempre algumas críticas de que o jogo pode ser demasiado fácil, mesmo na dificuldade mais difícil. Isso mudou. FIFA 16 nas dificuldades mais elevadas pode ser um jogo bastante difícil, e nesse sentido a EA Sports cumpriu o seu objetivo. Infelizmente, não da forma mais esclarecida.

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A dificuldade de FIFA 17 parece afetar todas as equipas da mesma forma, independentemente do valor dos seus jogadores. Pior ainda, parece ser governada por forças exteriores, como moral, importância do jogo, ou pura sorte. Isto significa que podem ter um jogo 'fácil' com um adversário do vosso valor, e depois sofrerem imenso às mãos de uma equipa muito mais fraca. Isto não faz qualquer sentido.Na nossa opinião, FIFA precisa de uma dificuldade "realista". Uma dificuldade em que os atributos dos jogadores seja o factor decisivo, e não fatores externos.

Uma partida com uma equipa mais fraca deve ser quase sempre mais fácil do que um jogo com uma equipa do mesmo valor. Sim, existem outros elementos que podem influenciar o rendimento das equipas, como a moral, mas não com o exagero atual.

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O futebol feminino também precisa obviamente de muito trabalho, mas acreditamos que isso será um dos pontos onde a EA se vai focar.

2) Equilíbrio entre realismo e diversão

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O objetivo da EA Sports com FIFA é torná-lo no simulador de futebol mais realista de sempre, mas os últimos passos que deram nessa direção podem ter sido em excesso, a começar com a jogabilidade. A introdução de diferentes receções de bola (por vezes trapalhonas), de possibilidades de direção nos remates, e de um drible muito à base de inércia, pode ter tornado o jogo mais realista, mas também o tornou mais frustrante e aleatório. A sorte e outros fatores extra-jogador são demasiado importantes no jogo atual e devem ser reduzidos. O jogador tem de voltar a ter mais controlo.

Outra grande mudança surgiu ao nível da inteligência artificial, que agora procura ganhar os jogos a todo o custo, incluindo praticando anti-jogo e circulando a bola livremente entre si na retaguarda. O problema é que, mesmo que façam pressão alta, é muito difícil tirar a bola ao adversário, porque quase todas as equipas trocam bem o esférico. Se tiver a ganhar perto do final, a IA vai ao cúmulo de correr pela linha lateral até ao à linha de fundo adversária, à espera que o jogador tente cortar-lhe a bola. São truques sujos que vemos com frequência nos relvados reais, mas que honestamente não têm lugar num jogo de futebol virtual. Quando o jogo deixa de ser divertido e começa a ser frustrante, o factor realismo começa a perder relevância.

3) Aprimorar a jogabilidade

Nem que seja para poder anunciar novas funções com nomes pomposos, a EA introduz quase sempre novidades à jogabilidade, e isso normalmente causa mais problemas do que resolve. FIFA 17 precisa, muito mais do que novas mexidas na jogabilidade e nos controlos, de afinar a sua experiência de jogo. Ainda existem demasiados erros de física, colisão e animações por resolver, que devem ganhar prioridade sobre tudo o resto.

Compreendemos que esse trabalho possa não ter o mesmo efeito mediático para o departamento de marketing, mas é o que FIFA precisa. De uma revisão e afinação real da jogabilidade. Precisa que erros sejam corrigidos e os controlos testados à exaustão, para que a experiência de jogo volte a ser tão divertida como já mostrou que pode ser.

4) Modo carreira mais competente

Todos os anos a EA acrescenta novidades ao modo Carreira de FIFA, e a última edição não foi exceção. Entre as novas funções destacou-se a introdução de treinos semanais para os jogadores e torneios amigáveis de pré-época. São toques engraçados, que vão acumulando para tentarem formar uma experiência de simulação da época de um clube de futebol, mas não são suficientes.

O modo carreira está à demasiado tempo estagnado e precisa de uma séria mexida. A introdução de novidades pontuais não é suficiente, o modo carreira precisa de ser genuinamente renovado. Não queremos uma simulação ao estilo de Football Manager, mas gostaríamos de ver um modo mais interessante ao longo de todo o ano, e não apenas durante os meses de transferências.

Os olheiros e todo o sistema de jogadores jovens também precisa de ser remodelado, porque neste momento é praticamente inútil. E por fim, a inteligência artificial ao nível da gestão dos clubes tem de ser melhorada. Embora seja competente durante os primeiros anos, depois de três ou quatro épocas é possível verificar um decréscimo na qualidade dos plantéis das maiores equipas, e isso tem de ser retificado.

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5) Renovar Ultimate Team Mode

Ultimate Team Mode é a galinha dos ovos de ouro da EA Sports, e todos os anos angaria rios de dinheiro através da compra de pacotes de cartas com dinheiro real, mas se existem novidades todos os anos, há muito tempo que o modo não é renovado com qualidade. Acreditamos que Ultimate Team Mode pode melhorar imenso em vários campos, incluindo nas próprias cartas.

Parece-nos que existe um exagero no tipo de cartas disponíveis, e a experiência podia ser ligeiramente simplificada. Só devia existir um tipo de carta para lesões, e um tipo de contrato para todas as qualidades de jogadores, por exemplo. Também nos parece um exagero a quantidade de versões de cartas para os jogadores, como Melhor Equipa da Semana, Melhor Equipa do Ano, Melhor Equipa da Época... Acreditamos que uma redução no tipo de cartas que existem tornaria a experiência mais apreciável para todos. E honestamente, não somos fãs do FUT Draft.

Ultimate Team Mode também precisa de uma grande renovação na estrutura do modo ao nível das competições. As taças e as ligas devem tornar-se mais dinâmicas e apelarem ainda mais ao desejo competitivo dos jogadores. O formato atual é simplesmente aborrecido e é pouco melhor que uma competição criada pelo jogador. Por último, gostaríamos de ver uma mudança na quantidade de moedas que os jogadores recebem em cada jogo, porque neste momento nem sempre recompensam devidamente o jogador pelo seu esforço.

FIFA é um bom jogo de futebol, mas está claramente a perder qualidades. Esperemos que este ano marque a entrada em definitivo de FIFA na nova geração, mesmo que para isso tenha de deixar para trás as versões PS3 e Xbox One. Se os últimos anos servem de exemplo, esperem muitos de detalhes de FIFA mais próximo da E3 2016.
Todas as imagens são de FIFA 16

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