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Narcos: Rise of the Cartels

Narcos: Rise of the Cartels

A primeira temporada de Narcos foi transformada num jogo de ação na terceira pessoa, mas será que vale a pena?

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Se não sabe, Narcos é uma série que estreou em 2015, no Netflix, cujas duas primeiras temporadas se concentraram na vida de Pablo Escobar, e na luta dos agentes do DEA contra o tráfico de droga e o aparecimento de cartéis. Então o que é este Narcos: Rise of the Cartels? É um jogo tático por turnos baseado precisamente na primeira temporada dessa série, incluindo a presença de todas as personagens importantes.

Como é um jogo licenciado, isto permitiu à Kuju recriar a história da primeira temporada e utilizar o aspeto dos atores da série, incluindo a parecença do brasileiro Wagner Moura como Pablo Escobar. Vários momentos da história, e até a banda sonora, foram retirados diretamente da série, o que não é particularmente interessante, para sermos honestos. Preferíamos que o jogo apresentasse algo original baseado neste material e nestas personagens, mas o que vai encontrar é essencialmente uma conversão dessa primeira temporada.

A um nível mais mecânico, Narcos é composto por missões que funcionam à base de turnos, e que permite jogar com os criminosos dos cartéis, e com a agência policial da DEA. O jogador não escolhe, contudo, com quem jogar, já que isso é definido pelas missões. Antes de cada missão deve escolher os cinco membros que formam o esquadrão, cada um deles com diferentes armas e capacidades. O que só tem uma pistola pode correr mais longe, enquanto que o agente que tem a caçadeira causa muito dano, mas não pode percorrer grandes distâncias, e assim por diante.

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Embora as personagens mudem, as classes são idênticas para DEA e Narcos, o que significa que não oferecem qualquer variedade real. O mesmo pode ser dito do design das missões, já que em muitas ocasiões as missões dos Narcos são um espelho das missões do DEA. Tudo isto parece-nos um pouco preguiçoso, e só serve para aumentar a longevidade do jogo.

As missões envolvem normalmente matar alguém, proteger uma pessoa, resgatar um alvo, ou encontrar informações, e felizmente, o sistema de combate até funciona bem. Ao contrário de algo como Xcom, em que cada equipa se move por inteiro e só depois passa para a equipa adversária, Narcos: Rise of the Cartels tem um sistema mais parecido com algo como Divinity: Original Sin, no sentido em que os turnos envolvem uma personagem específica, e não toda a equipa. Primeiro move uma personagem e executa uma ação, depois o adversário faz o mesmo, depois é sua vez de controlar outra personagem, e assim continua.

O design dos níveis até é bastante positivo, e o cenário consegue captar bem o ambiente da Colômbia daquela era, e da série, graças a uma boa qualidade gráfica. Este design e disposição dos mapas permite alguns momentos interessantes, aos quais se juntam os tiros fatais. Depois de tirar saúde suficiente a um adversário, pode executá-lo com um golpe fatal, em que a câmara muda para uma mira, permitindo-lhe dar o último tiro em tempo real. Outra mecânica interessante é que o jogo permite acumular pontos de ação. Pode optar por não fazer nada, ou fazer pouco, com o turno de uma personagem, e isso permitirá a essa personagem acumular pontos para o seu turno seguinte. É uma mecânica interessante que permite algumas jogadas estratégicas, ainda que não sejam realmente necessárias dada a incompetência da inteligência artificial.

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Assistimos repetidamente a jogadas do adversário em que um tipo corria na direção da nossa equipa para dar alguns tiros com a sua pistola, ficando depois à mercê do grupo. São mortes fáceis, e que retiram muito do potencial valor estratégico do jogo. Isto também é evidente pela forma como o inimigo ignora o jogador se este não tiver nas proximidades. Pode, por exemplo, recuar e esperar uns turnos para ganhar saúde, já que não será perseguido pelo adversário. Isto nem sempre funcionou, mas deu resultado bem mais vezes do que deveria.

Entre missões irá visitar as respetivas bases de Narcos ou DEA, onde pode evoluir as personagens, seja com habilidades novas, ou com atributos superiores. Se uma personagem morrer em combate, morre de vez, mas se for apenas ferida, pode ficar a descansar para recuperar. Quando uma personagem morre, todo o seu progresso é perdido, e terá de contratar um recruta novo, embora isso custe dinheiro. Aliás, várias ações no jogo custam dinheiro, pelo que pode pensar que vai ter de gerir esse dinheiro e fazer um equilíbrio, certo? Errado, já que o dinheiro nunca se esgota, e o próprio jogo avisa para o jogador não se preocupar com isso. Parece que o estúdio começou por introduzir um sistema económico, mas que nunca conseguiu terminá-lo devidamente.

Ou seja, embora tenha boas ideias, e boas mecânicas, a falta de profundidade de algumas áreas, como a gestão económica, e a lamentável inteligência artificial, acabam por prejudicar um jogo que até é interessante, que de resto está polido, e que tinha potencial para ser algo bem superior. Narcos: Rise of the Cartels é um jogo sólido apesar de tudo, e talvez alguns dos defeitos que apontámos possam ser resolvidos com atualização, mas está longe de ser uma referência do género. Se é grande fã da série, talvez seja interessante a sua consideração, mas de resto não existem muitos motivos para investir no jogo.

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06 Gamereactor Portugal
6 / 10
+
Visualmente é muito fiel à série e aos atores. Se gostou da série, tem mais hipóteses de apreciar o jogo. Boa mistura de ideias.
-
Inteligência artificial fraca. Gestão do dinheiro é desnecessária. Alguns elementos pouco trabalhados.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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