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Mortal Shell

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Mortal Shell impressionou durante a versão beta, mas estará a versão final à altura da expetativa?

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Mortal Shell é o jogo de estreia de Cold Symmetry, um estúdio independente que decidiu criar algo muito próprio a partir do ADN de jogos como Dark Souls. É óbvia a inspiração nos títulos da From Software, mas Mortal Shell tem ideias próprias suficientes para se assumir como mais do que um mero clone de Dark Souls. Se todas essas ideias funcionam bem? Nem por isso, mas podemos desde já avançar que Mortal Shell confirmou de facto a boas impressões deixadas pela versão beta.

O combate, na terceira pessoa, pode à primeira vista lembrar algo como Bloodborne, já que Mortal Shell não tem verdadeiramente uma mecânica de bloqueio. O que tem, é uma estranha técnica chamada Harden, que basicamente endurece a personagem como se fosse uma estátua. Neste estado ficará virtualmente invulnerável, e qualquer inimigo que lhe acerte ficará atordoado, mas há um senão - esta condição não dura mais do que talvez um segundo, o que significa que terá de a utilizar com grande timing.

Mortal Shell tem também algo que nos lembra de Sekiro: Shadows Die Twice, que é a oportunidade para ressuscitar no local logo depois da morte. É uma segunda oportunidade, que está associada às próprias Shells. É que na verdade a personagem é um ser vazio, quase sem forma própria, apenas uma mera amostra de um humanóide. Nesta condição, contudo, pode assumir o controlo de "Shells", que são os corpos de quatro soldados abatidos, cada um com as suas particularidades. Quando morre uma vez, a forma humanóide é atirada para fora da Shell, ficando num estado muito vulnerável. Isto significa que pode morrer com um só golpe, mas se conseguir voltar à Shell e derrotar o inimigo, irá evitar a morte verdadeira.

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Voltando às Shells, cada uma delas apresenta um estilo de jogabilidade diferente, com as suas próprias particularidades em termos de habilidades e progressão. Na área central de jogo, no início da aventura, irá encontrar as quatro Shells disponíveis, que poderá alternar de acordo com o contexto da situação ou com a sua preferência de estilo.

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Tiel, por exemplo, tem pouca saúde, mas compensa isso com uma enorme barra de energia, tornando-se perfeito para um estilo de jogo ágil que evite os ataque adversários. Edrim é o oposto, um verdadeiro tanque cheio de saúde, mas que não consegue executar muitos desvios ou ataques devido a uma barra de energia limitada. As restantes Shells... ficam para descobrir, já que acreditamos que estes exemplos são suficientes para perceber como funciona.

Como qualquer jogo que se preze do estilo de Dark Souls, Mortal Shell também brilha em termos de bosses. Um deles destacou-se por pegar em cadáveres e colocá-los em chamas, antes de os atirar ao jogador, enquanto que outro criou blocos de gelo repetidamente na arena com o objetivo de nos prender. Se no geral gostámos dos bosses, também precisamos de criticar a forma como o jogo apresenta novas armas ao jogador, colocando-o sempre em confronto com o boss da secção tutorial. Percebemos o objetivo, mas torna-se repetitivo.

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Também é preciso criticar os problemas técnicos que encontrámos, que foram além da ocasional falha gráfica. Como se não bastassem os perigosos oponentes que encontrámos pelo caminho, um dos nossos maiores inimigos acabou por ser o design dos mapas, com demasiados obstáculos que bloqueavam ou atrapalhavam o nosso movimento. Se a isto aliarmos a câmara de jogo, que também fica presa, são dois elementos que tornam o jogo desnecessariamente mais difícil e frustrante.

Ao bom estilo de Dark Souls, também Mortal Shell é muito críptico e misterioso, até um pouco em demasia. É frequente não ter ideia do que és suposto fazer a seguir, ou não saber exatamente para que servem alguns itens, e isso é algo que nem Dark Souls faz. Tal como acontece com o cenário e com a câmara, é uma característica do jogo que acaba por prejudicar ligeiramente a experiência do jogador.

Mas, considerando que estamos a falar do primeiro jogo da Cold Symmetry, e que custa € 29,99, é difícil não ficar impressionado com Mortal Shell. Sim, é evidente que Dark Souls foi uma grande inspiração para o jogo, mas tem ideias suficientemente originais, como a mecânica de endurecimento e a divisão das classes pelas Shells. Não é perfeito, mas é bom, e como tal, uma recomendação fácil para quem aprecia jogos ao estilo de Dark Souls.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
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A mecânica de endurecimento acrescenta profundidade ao combate.Sistema de Shells é uma ideia interessante. Design muito capaz dos bosses.
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Por vezes é desnecessariamente críptico. A câmara e o terreno prejudicaram-nos demasiado. Batalhas contra inimigos que endurecem tornam-se repetitivas.
overall score
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