O Studio Fizbin descreveu este seu novo jogo, Minute of Islands, como uma aventura narrativa com puzzles, que apresenta a premissa de uma jovem protagonista que atravessa um período emocional. A isso acrescentamos o facto de ser uma história sobre crescer, onde irá encarnar o papel da jovem Mo, uma rapariga que tem acesso a um aparelho chamado Omni Switch, e que é a única esperança para impedir o fim de tudo e todos. É que a história arranca depois do Exodus, um evento que causou o aparecimento de esporos fungais amarelos capazes de destruírem tudo nas proximidades.
A única coisa que estava a manter estes esporos da superfície eram os misteriosos gigantes que vivem debaixo do solo, mas desde que estes adormeceram, as suas máquinas pararam e os esporos apareceram. Agora, ao longo de cinco capítulos que duram perto de sete horas de jogo, terá de tentar acordar os gigantes, impedir o crescimento dos esporos, e purificar o ar do arquipélago que habita.
O jogo segue um padrão bem definido ao longo da campanha, apresentado objetivos semelhantes em cada ilha que irá visitar: encontrar os filtros de ar, repará-los, e explorar as zonas subterrâneas onde estão os gigantes. Com o Omni Switch de Mo será capaz de interagir com várias máquinas, reativando-as conforme resolve puzzles. Além deste sistema, também terá de atravessar algumas secções de plataformas, explorar um pouco, e conversar com algumas personagens. Para meter tudo a funcionar como deve ser terá de encontrar fontes de energia, reparar circuitos, reiniciar máquinas, e até mover estranhas membranas do caminho.
É uma experiência de jogo relativamente simples, que não exige muito do jogador, preferindo centrar-se principalmente na história e na atmosfera geral. Alguns puzzles são divertidos, e as interações com o Omni Switch funcionam bem. Apenas apresentamos ligeiras queixas em relação às secções de plataformas, que podem ser algo frustrantes, sobretudo quando o jogo não deixa evidente para onde é seguro saltar. Também é preciso referir que, nas últimas horas, começamos a sentir alguma fadiga do ciclo de jogo, embora as secções finais seja boas e Minute of Islands consiga acabar com força, rapidamente dissipando algumas sensações menos positivas que estivéssemos a sentir.
Cada ilha diz-nos algo acerca de Mo e do destino da humanidade. É que além de Mo, e dos gigantes, existem outras personagens que sobreviveram aos esporos, como a sua irmã Mirri, e a sua avó. Contudo, Mo decidiu afastar-se da sua família há algum tempo, e isso irá gerar algumas trocas de palavras azedas entre Mo e os familiares, o que nos surpreendeu. Também é evidente que a certo ponto começa a sentir a pressão da sua tarefa, e das expetativas que coloca em si própria, levando-a a afastar-se ainda mais de tudo e todos. Não vamos revelar mais da história, mas apreciámos a narrativa e a forma como foi apresentada, com alguns momentos muito criativos envolvendo os esporos. E ainda pode recolher algumas memórias escondidas, que revelam como eram o mundo antes do Exodus.
Visualmente, Minute of Islands parece uma estranha mistura de influências e géneros. Imagine algo parecido com Adventure Time, misturado com um pouco de Hyper Light Drifter e o trabalho de H.R. Giger. É um estilo que se assemelha a uma banda desenhada europeia, com traços simples e cores vivas, mas sem ter receio de mostrar alguns designs um pouco mais estranhos e até bizarros, como corpos de baleias em decomposição, ou cadáveres ainda com carne. Este estilo muito peculiar ganda vida com boas animações e uma banda sonora subtil, que casam na perfeição para a criação de uma atmosfera de grande nível.
Se tivéssemos de comparar Minute of Islands com outros jogos, Abzu seria um dos que mais rapidamente mencionaríamos, sobretudo pela forma como propõe uma experiência de jogo de vivência, e não de desafio. Apreciámos atravessar esta aventura, conhecer as suas personagens, e ponderar nos seus temas. Nem todos os jogos têm de ser desafiantes, e Minute of Islands é mais um exemplo disso mesmo, recebendo a nossa recomendação para todos os fãs de aventuras com um estilo peculiar.