Depois de nos deixar profundamente inseguros com o seu título anterior, Town of Light, a LKA regressa ao género de terror psicológico para nos assombrar mais uma vez. O novo jogo chama-se Martha is Dead e compartilha muitas semelhanças com seu antecessor, só que em vez de acompanhar a luta de uma mulher dentro de um asilo psiquiátrico, aqui irá explorar temas mais cotidianos de perda e culpa. Martha is Dead não deve ser lançado até ao final de 2021, mas parte dele já está em bom estado de jogabilidade, ao ponto do estúdio ter-se sentido seguro o suficiente para nos deixar jogar um pouco.
Martha is Dead passa-se na bela paisagem toscana do final da Segunda Guerra Mundial, e irá colocá-lo no papel de Giulia, uma jovem rapariga filha de um soldado alemão. O jogo não perde muito tempo para nos apresentar um evento crucial da história. Enquanto explorávamos a floresta junto à casa de Giulia para tirar fotos, avistámos um corpo a flutuar no lago. Pulámos e tentámos salvar a pessoa, mas foi então que descobrimos que essa pessoa estava morta, e que era na verdade a irmã gémea de Giulia, Martha. Mas o que aconteceu? Foi um acidente ou um homicídio?
Não vamos naturalmente aprofundar detalhes sobre a história (até porque não sabemos tudo), mas o que vimos até ao momento surpreendeu-nos, e ganhámos muita empatia pelas personagens. A vida de Giulia ficou para sempre abalada depois deste incidente, como é evidente pelos eventos que se seguem ao início do jogo. Até ao momento a única crítica que temos em relação à narrativa é a forma como parte dela é apresentava, via texto. Não estamos a falar de documentos que irá encontrar, mas de descrições do que está acontecer. Percebemos que o orçamento pode ser reduzido, o que terá motivado a utilização deste método, mas isto acaba por retirar imersão à experiência de jogo.
Outro fator que é preciso deixar claro é que os diálogos são todos em italiano, o que pode ser um ponto negativo para alguns jogadores.
Mas, tal como Town of Light antes dele, Martha is Dead apresenta uma série de momentos perturbadores ao jogador. Com o declínio do estado mental de Giulia irá percorrer várias sequências de pesadelo, incluindo uma que estará entre os momentos interativos mais grotescos que já vimos num jogo - pode parecer uma crítica, mas não é. Não vamos revelar ao certo o que é, mas esta cena em particular capturou perfeitamente os pensamentos intrusivos que estavam a afetar Giulia e realmente ajudaram a transmitir a gravidade da sua doença em desenvolvimento.
O jogo também combina alguns elementos mais tradicionais de terror. Durante uma parte da demonstração tivemos de explorar a floresta escura em redor da minha casa, usando apenas uma lamparina a gás, o que suscitou vários momentos de verdadeira tensão psicológica, em que parecia que estávamos a ver sombras a mexerem-se e a ouvir sons estranhos. Ficamos no entanto surpreendidos com a forma como a mecânica de jogo em torno da fotografia acaba por ser essencial para a história. Ao tirar fotos vai precisar de se preocupar com foco, enquadramento, iluminação, e equilíbrio de cores, por exemplo. Depois também terá de passar pelo processo de revelar as fotos na sala escura da família.
Permita-nos também elogiar a forma como o jogo guia o jogador, de forma subtil mas eficaz. Nunca nos sentimos perdidos, ou sem saber para onde ir ou o que fazer. Isso deve-se a um bom design e à forma como o diário de Giulia oferece algumas pistas discretas, até porque Giulia sabe detalhes que nós não sabemos, como a localização da sala escura, por exemplo.
Martha is Dead parece ser uma proposta interessante da LKA, e estamos curiosos para jogar mais deste segundo jogo de terror do estúdio. A história parece interessante, as personagens geram empatia, e as mecânicas em torno de fotografia estão bem desenhadas. Se é fã de terror, mas com maior foco em narrativa do que ação, vale a pena acompanhar o progresso de Martha is Dead.