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Haven

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Amor à primeira vista, ou um primeiro encontro para esquecer?

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Quem diria que depois de Furi, um jogo de combates contra bosses, a The Game Breakers apostaria num RPG estilo japonês acerca de romance. Mas é precisamente essa a premissa de Haven, um jogo com uma jogabilidade quase terapêutica à base de exploração, culinária, e construção de itens.

Haven acompanha a história de Yu e Kay, jovens amantes que fugiram do seu planeta natal e sacrificaram tudo para estarem juntos. No seu planeta as relações são pré-determinadas por uma entidade conhecida como Matchmaker, o que significa que a união de Yu e Kay é proibida. O planeta em que se encontram agora tem também os seus segredos, que o jogador vai revelando ao longo da aventura, bem como conhecendo melhor as personagens e o seu passado.

Apesar destes mistérios, permita-nos deixar já bem claro que, se não tem interesse em histórias de amor, Haven não é para si. Yu e Kay são praticamente as únicas personagens de Haven, e a narrativa centra-se sobretudo nos seus sentimentos e na forma como lidam com a situação em que se encontram. Não é o argumento mais interessante que já vimos, mas são duas personagens com quem nos identificámos rapidamente, e a sua relação é credível. Kay não é o tipo mais esperto do universo, mas tem bom coração, enquanto que Yu, apesar de ter compaixão, é mais feroz. É um jogo que vive muito dos diálogos entre os dois, que acontecem em várias ocasiões, como quando estão a cozinhar ou a acampar, e aqui também é preciso destacar o trabalho dos atores.

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Quando o duo amoroso chega ao novo planeta, a sua nave é destruída com um tremor, e parte do objetivo de Yu e Kay passa por encontrar as peças espalhadas. É uma estrutura algo aborrecida para ser honesto, já que basicamente tem de ir à procura das peças, e depois trazê-las para a nave uma a uma. Eventualmente desbloqueia um sistema de viagens instantâneas, que ajuda a mitigar a frustração, mas isso não nega o defeito no design desta estrutura de jogo.

O mundo em si não é exatamente amplo e aberto, estando antes dividido em pequenas poções separadas por ecrãs de loading - que são frequentes. Nas novas consolas isto não é realmente um problema, considerando a velocidade dos SSD, mas nas consolas mais antigas, pode tornar-se frustrante ver tantos ecrãs de loading. Haven brilha sobretudo nas mecânicas de navegação pelo mundo, já que Yu e Kay deslizam pelo cenário com grande liberdade e classe. Os cenários incluem também feixes de luz chamados Flow Threads, que permitem aceder a plataformas mais elevadas. É uma mecânica divertida, já que tem de realizar cada curva e contra-curva do trajeto para absorver toda a energia de uma Flow Thread.

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Com o sistema de combate tivemos uma espécie de relação amor-ódio, já que é bastante original, mas também sofre de alguma atrapalhação. Haven pode ser jogado por dois jogadores, mas um jogador solitário terá de assumir controlo das duas personagens, através de um sistema que mistura mecânicas em tempo real com uma estrutura por turnos. Em essência tem de escolher uma de quatro ações possíveis, como em jogos por turnos, mas os inimigos não vão esperar pela sua vez, e atacam mesmo que ainda não tenha feito a sua ação. Ter de fazer isto com duas personagens, enquanto tentamos ler as ações dos nossos oponentes, não é lá muito prático, mas como referimos, a situação deve melhorar com dois jogadores. Infelizmente não tivemos a oportunidade de testar o modo cooperativo.

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Outros dois grandes elementos da experiência de Haven é a criação de itens e a culinária, a que pode aceder com os ingredientes e recursos que apanha no mundo de jogo. Isto é essencial, porque é a única maneira de recuperar saúde - comer, descansar, ou usar itens de cura que criou. Este design divide-nos, já que ter de procurar e recolher estes recursos e ingredientes, deu-nos mais um motivo para explorar o mundo de jogo, e além disso gostámos de experimentar e testar as diferentes receitas, que garantem vários tipos de efeitos. O nosso problema prende-se sobretudo com a saúde, porque este sistema impediu-nos de voltar à ação depois de derrotados, e ninguém quer perder tempo a procurar recursos depois de perder com um boss.

Falta falar do grafismo de Haven, que é bastante bom. Existe uma clara continuidade do estilo que a The Game Breakers já tinha usado com Furi, e lembrou-nos também de Gravity Rush - sobretudo pela forma como os diálogos são apresentados com um efeito estilo banda desenhada. Quanto à banda sonora, não é a melhor que já ouvimos, mas é bastante agradável, servindo como uma bela companheira para explorar o mundo de jogo - e várias das suas melodias ficaram-nos na cabeça, o que é bom sinal.

Haven é um jogo interessante, mas com várias falhas, pelo menos na nossa opinião. O combate parece-nos algo trapalhão para a experiência a solo, a estrutura de jogo de encontrar recursos e peças da nave é repetitiva, e a história não é nada de extraordinário. Mas a navegação é suave, as personagens são identificáveis, e o estilo visual é hipnotizante. Parece-nos sobretudo interessante para partilhar com alguém no modo co-op, ou para os que procuram algo um pouco diferente do que são as propostas habituais dos jogos "AAA".

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06 Gamereactor Portugal
6 / 10
+
Para indie, tem um grafismo impressionante. Identificámo-nos rapidamente aos protagonistas Yu e Kay.
-
A solo, o combate não é tão bom. Estrutura repetitiva. Só é possível ganhar saúde comendo, dormindo, ou criando itens.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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