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Halo Infinite

Halo Infinite - Análise à Campanha

A 343 Industries quer assumir-se de uma vez por todas como o estúdio de Halo, e Infinite é a sua tentativa mais ambiciosa.

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O caminho da 343 Industries não tem sido o mais fácil. Desde logo com incutidos com a tarefa de substituir a Bungie enquanto estúdio responsável por Halo (o próprio nome é alusivo a 343 Guilty Spark de Halo: Combat Evolved), já se sabia que estariam debaixo do olhar atento dos fãs. Halo 4 acabou por ser uma desilusão, e Halo 5: Guardians ainda mais, valendo um trabalho com altos e baixos em termos da Halo: The Master Chief Collection. Restava Halo Infinite como uma das derradeiras tentativas para conquistar os fãs, mas a amostra da campanha na E3 2020 deixou muitos desiludidos. Toca a adiar o jogo durante mais de um ano, uma decisão difícil e frustrante, mas que parece ter sido acertada.

O estúdio decidiu também separar campanha e multijogador, lançado a história como um produto de € 59,99, e o multijogador em formato free-to-play com micro-transações e passes de batalha. Como o estúdio decidiu fazer essa separação, nós também decidimos tratá-los como dois produtos diferentes em termos de análise, porque são efetivamente dois produtos diferentes.

A campanha de Halo Infinite é a mais ambiciosa da 343 Industries, já que quebra a tradição de Halo de várias maneiras cruciais, ainda que ao fim do dia seja uma experiência pura de Halo. Em primeiro lugar convém referir que a campanha não é estritamente linear, longe disso. As missões principais são lineares, ao estilo a que a saga nos habituou, mas o caminho entre elas é apresentando como o mundo aberto de Zeta Halo. Aqui terá uma série de atividades em que pode participar, ao estilo do que já vimos noutros jogos em mundo aberto, como libertar esquadrões UNSC prisioneiros dos Banished, a captura de infraestruturas inimigas, a destruição de pontos inimigos, a eliminação de bosses secundários, e até e exploração em busca de recursos e colecionáveis. A própria armadura de Master Chief pode ser melhorada, ao estilo de um RPG ligeiro.

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Halo Infinite

O grosso da campanha passa-se no novo Zeta Halo, lindamente realizado pela 343 Industries, ainda que não haja uma grande variedade visual. De qualquer forma as montanhas, a densa vida selvagem, e a tecnologia Forerunner - associada a uma capacidade técnica brilhante de alcance de visão - proporcionam vistas de tirar o fôlego. Outra vantagem de ter um mundo mais amplo e aberto é o facto de apresentar mais oportunidades para utilizar os excelentes veículos terrestre e aéreos de Halo, além de também oferecer maior liberdade de abordagem ao jogador. Master Chief tem também ao seu dispor várias habilidades especiais, para se desviar rapidamente, e criar barreiras anti-disparos, além de vários tipos de granadas para diferentes situações. Mas a maior novidade é o gancho, que permite muitas possibilidades, não só para atravessar o terreno. Pode sair disparado contra inimigos e puxar armas e objetos com o gancho, por exemplo.

Se o mundo aberto trouxe consigo vários pontos positivos, também introduz alguns pontos negativos, que de resto são comuns a muitos géneros mais abertos. Estamos a falar de uma repetição de conteúdo secundário, e de alguns objetivos e momentos menos interessantes. Acreditamos que algum deste conteúdo podia ser mais variado, ou ter sido desenhado com um pouco mais de cuidado e dinamismo. Mas no geral preferimos esta abordagem mais aberta ao design do mundo, já que gostámos desta oportunidade para de certa forma influenciar o mundo com as nossas ações, sejam elas capturar bases, resgatar soldados, ou eliminar inimigos poderosos.

Quanto à jogabilidade em si, é Halo puro. Halo Infinite é um dos jogos de ação na primeira pessoa mais eficientes e otimizados do mercado, com grande fluidez de movimento, excelente assistência de mira, e grande movimento. Todas as armas - são mais de 20 - têm um papel a cumprir e são altamente satisfatórias. É um sistema de combate que mistura armas de fogo, golpes físicos, movimento, e granadas, que existe desde o primeiro Halo, e que hoje continua a ser igualmente divertido - ainda que aqui esteja altamente afinado. A introdução de várias habilidades especiais, e do gancho, só veio introduzir mais oportunidades de como o jogador pode abordar a jogabilidade.

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Halo InfiniteHalo Infinite

Narrativamente, Infinite continua o percurso trilhado pelos jogos anteriores da 343 Industries, embora se livre de algum "excesso de peso", como Spartan Locke,a Blue Team, Lasky, e até mesmo a Dr. Halsey. Alguns são reintroduzidos gradualmente, enquanto que outros são meramente mencionados em ficheiros de áudio, mas no geral isto significa uma experiência narrativa mais focada. Master Chief volta ao centro das atenções, e a 343 Industries retrata-o como um homem cada vez mais cansado do mundo e da luta, claramente desgastado de tudo o que já teve de fazer e sacrificar. Pareceu-nos uma história bem escrita, com grande ritmo (surpreendente considerando que é um jogo em mundo aberto), muitas reviravoltas, e também emoção.

Tudo isto é alimentado por níveis de produção altíssimos, embora visualmente não seja o jogo mais impressionante que já vimos. O motor de jogo parece-nos já um pouco ultrapassado, mas também é notório que a 343 Industries optou por escala e alcance de visão em detrimento de detalhe gráfico requintado. Alguma coisa tinha de ser sacrificada para a criação de um mundo em que pode pegar numa nave, voar até uma base inimiga, e destruir tudo. Não estamos a dizer que é um jogo feio - longe disso -, mas também não é o jogo com o grafismo mais impressionante. Quanto à banda sonora, do compositor Gareth Coker, parece-nos estar à altura do excelente trabalho que veio antes.

Parece-nos que este Halo Infinite foi uma espécie de tudo ou nada para a 343 Industries, uma derradeira tentativa para que pudessem de uma vez por todas conquistar Halo como a 'sua' série. Isto terá certamente custado muito dinheiro, muito esforço, e muito tempo, mas o resultado final parece-nos inegável - Halo Infinite é um jogo fantástico. A campanha é estupenda, mesmo jogando a solo (co-op só chega em 2022), e o multijogador está claramente à altura do que temos jogado nas últimas semanas (só parámos para jogar a campanha). Algumas dos efeitos menos positivos dos jogos em mundo aberto acabam por também aparecer por aqui, mas no geral trata-se de uma história e de uma aventura que deixaria Master Chief - e os seus fãs - orgulhoso.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
História contada de forma eficaz. Jogabilidade apurada. Mundo fantástico. Sistemas de jogo versáteis.
-
Algumas atividades em mundo aberto são banais e repetitivas.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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