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Everybody's Gone to the Rapture

Everybody's Gone to the Rapture

É um dos jogos mais misteriosos dos últimos tempos, mas será que isso se reflete na qualidade?

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Nota: Depois de publicarmos a análise, a produtora fez saber que é possível correr em Everybody's Gone to the Rapture, pressionando no R2. É um embalo ainda assim lento (daí ter enganado críticos), mas já é qualquer coisa. Mais detalhes sobre isto aqui.

Quando falamos em "mundo pós-apocalíptico", pensamos sobretudo em zombies, destruição e sobrevivência do mais duros. São clichés inerentes ao género, mas isso não significa que sejam a única opção disponível. Em Everbody's Gone to the Rapture, por exemplo, vão encontrar um cenário pós-apocalítico que foge muito às regras que mencionámos em cima.

O sol brilha intensamente, o céu maravilha com um azul forte e as flores dão uma vida relaxante ao mundo de Everbody's Gone to the Rapture. À primeira vista, parece ter tudo para ser um dia fantástico nesta vila inglesa de Yaughton, mas não é isso que se passa. Uma bicicleta está abandonada na rua, um carro tem as portas escancaradas, e garrafas meio cheias de cerveja foram deixadas no bar. Ah, e também existem várias amostras de sangue e sinais de quarentena espalhados pela cidade. Algo de muito estranho aconteceu nesta vila, e o jogador parece ser a única viva alma nas proximidades. O que se passou afinal neste local? Essa é a grande questão que terão de responder.

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A narrativa de Everybody's Gone to the Rapture é partilhada através de memórias espalhadas por toda a vila. Ao encontrarem essas memórias presas no espaço, vão reviver pedaços dos eventos que ocorreram antes da vossa chegada, tentado colar o puzzle sobre o que aconteceu. Além de sombras fantasmagóricas, também vão encontrar esferas brilhantes que representam os habitantes. Ainda vão receber pistas através de rádios e telefones abandonados pela aldeia.

Everybody's Gone to the Rapture passa-se numa perspetiva na primeira pessoa, e a vila está aberta à exploração livre do jogador. Isso significa que podem encontrar as pistas e os eventos numa ordem completamente diferente da de outro jogador. Em termos de controlos não existe muito para explicar - utilizam o X para interagir com objetos e abanam o DualShock 4 para desbloquear as memórias. Isto é um bom indicador do pequeno papel que o jogador tem em Everybody's Gone to the Rapture. Aliás, na linha do que a The Chinese Room já tinha feito em 2012 com Dear Esther. Em termos de interação e desafio não existe muito para oferecer ao jogador, porque o foco da experiência está sobretudo no mistério e na narrativa.

Mesmo que Everybody's Gone to the Rapture tenha um tema pós-apocalítico como fundo, esse não é o foco da experiência. As pessoas sim, são o foco. Quando começamos a jogar, o nosso objetivo era descobrir o que se passou. Queríamos recolher o maior número de memórias para as juntar com um grande puzzle e ter a noção do evento que sucedeu, mas isso mudou com o tempo. Ficámos cada vez mais interessados nos detalhes, nas personagens e nas suas vidas, não tanto no grande mistério do que aconteceu.

Não vamos contar detalhes de nenhuma das histórias que vão encontrar, mas o argumento e a excelência dos atores garantem uma autenticidade a estas histórias ao qual é difícil ficar indiferente. São personagens com defeitos e virtudes muito humanas, com problemas com que é fácil identificar. Até as próprias esferas brilhantes têm alguma personalidade. Enquanto algumas parecem ansiosas e desesperadas, outras transmitem calma enquanto passeiam pelo cenário. Houve um grande esforço por parte da The Chinese Room pra dar autenticidade a esta história, e isso tem um impacto real no jogador.

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A narrativa em si é tremenda, mas dependendo de como avançam pela aventura, podem ter longas pausas entre segmentos de história. Isso, aliado a uma falta de envolvimento do jogador, podem causar momentos mortos no jogo. A história é simplesmente apresentada ao jogador, sem que este tenha de se esforçar minimamente para a desenrolar. The Vanishing of Ethan Carter, que também se concentra num mistério, só desvenda a história ao jogador quando este começa a ligar todas as pistas pela ordem correta, obrigando a uma maior reflexão dos eventos. É uma pena que não exista maior interação com o jogador, mas não é um dado fatal para o aproveitamento da experiência.

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O detalhe e a beleza dos cenários, a fantástica banda sonora, e a própria história são suficientes para deixar o jogador imersivo na aventura, mesmo que num ritmo excessivamente lento. Também vale a pena referir que o sentimento avassalador que deve preencher qualquer tema pós-apocalíptico, também está presente neste jogo, embora de uma forma muito peculiar. É um olhar sobre o que aconteceria a pessoas vulgares como nós se o mundo acabasse.

Se olharem para Everybody's Gone to the Rapture com os padrões que normalmente utilizados para analisar um videojogos, vão obviamente encontrar muitas falhas, mas isso é um erro, porque isto não é um jogo. É uma experiência narrativa que aproveita o meio interativo dos videojogos para se apresentar, e que será emocionante e memorável para vários jogadores, mesmo que não seja obviamente para todos, sobretudo os que prefere algo com maior interação e desafio.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
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Cenário lindo. Uma atmosfera única que eleva a experiência. Personagens e enredo emotivos. Excelente trabalho dos atores.
-
Tem um ritmo muito lento e exige paciência. Ausência de desafio vai afastar jogadores.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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