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Doom Eternal

Doom Eternal

Gostou de Doom 2016? Então vai adorar a sequela.

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Quando Doom reapareceu em 2016, muitos desconfiavam da qualidade do jogo, até porque a Bethesda ordenou um embargo de análises equivalente ao dia de lançamento, o que normalmente é mau sinal. Felizmente verificou-se o oposto, e Doom tornou-se num dos jogos de ação de referência desta geração. Agora, com a confiança de que tomaram as decisões certas no reboot de 2016, com tecnologia superior, e com um orçamento mais alto, a id Software apresenta uma sequela ambiciosa que eleva ainda mais a intensidade da ação.

Vamos já deixarmos-nos de rodeios: Doom Eternal é soberbo, mas antes de continuarmos, temos de referir uma das poucas falhas do jogo.

Doom Eternal presume que o jogador vem fresquinho de Doom, já completamente habituado ao ritmo e à intensidade de jogo, o que significa que quem não o estiver, pode passar por alguns momentos de maior frustração e confusão durante as primeiras horas. Isso deve-se em parte a uma grande variedade de sistemas e mecânicas que é preciso aprender, ou re-aprender, em pouco tempo. A interface está mais preenchida e exige maior atenção, o que aliado a tudo o que está a acontecer no ecrã e a 60 frames por segundo, pode assustar um pouco um jogador menos preparado.

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Alguns vão certamente apreciar a maior profundidade que Doom Eternal oferece, enquanto que outros vão torcer o nariz a todos estes elementos que roubam alguma da simplicidade do jogo. Estamos a falar de várias armas com capacidades secundárias, estatísticas, armadura, saúde, colecionáveis, desafios, arenas, segredos, e até uma base central para o jogador explorar. Tudo isto em cima da micro-gestão dos recursos durante a jogabilidade, já que as Glory Kills dão saúde, a moto-serra garante munições, e os inimigos queimados deixam armadura. O facto de alguns inimigos agora incluírem diferentes elementos destruíveis acrescenta ainda mais um factor a considerar durante a jogabilidade, e tudo isto pode atrapalhar as primeiras horas de jogo.

Mas quando dominar tudo isto... torna-se glorioso.

O que torna Doom Eternal tão fantástico é a própria satisfação inerente aos controlos e à jogabilidade, que estão entre os melhores do género, não só em termos de tiroteios, mas também de movimento. Vai deslocar-se a grande velocidade pelos mapas, o que é facilitado pela excelência do design desses níveis, com vários pormenores visuais que indicam o caminho ao jogador de forma subtil. Doom Eternal, tal como o primeiro, é construído com áreas de confronto em cada nível, onde terá de enfrentar um grande número de oponentes, e nessas áreas, tudo parece ter sido colocado com grande atenção e cuidado. Rampas, plataformas, pilares, itens, objetos... tudo tem um propósito, e cabe ao jogador saber utilizar tudo isso para sua vantagem. Não basta aparecer com a maior arma do jogo (e existem várias armas enormes) e desatar aos tiros, por que isso não chega, é preciso saber ler o cenário, o posicionamento dos inimigos, e 'dançar' entre todos estes elementos, porque o movimento em Doom Eternal tem de ser constante.

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É também importante que dedique algum tempo ao sistema de melhoramentos, já que permitem especializar a jogabilidade em diferentes estilos de jogo. Por exemplo, nós optámos por um melhoramento que permitia executar as Glory Kills um pouco mais longe, o que na prática teletransporta o Doom Slayer para junto do inimigo atordoado. Isto abriu-nos uma série de opções táticas, como usar as Glory Kills para chegarmos a plataformas mais distantes, além de que as Glory Kills tornam o Doom Slayer invulnerável enquanto as está a executar, o que pode garantir segundos preciosos.

Durante a aventura irá encontrar um plantel de demónios com várias caras conhecidas, mas também algumas novidades, embora o jogo os apresente de forma faseada para garantir uma boa adaptação do jogador ao diferentes elementos que os inimigos acrescentam ao combate. Por outro lado terá também acesso a um vasto arsenal de armas, provavelmente um dos melhores que já encontrámos num videojogo. Cada arma pode ser modificada com vários disparos secundários, e melhorada conforme cumpre certos desafios específicos. Por outras palavras, quanto mais se dedicar a uma arma, melhor ela será. Foi particularmente satisfatório evoluir a Super Shotgun, até que chegou a um ponto em que nos permitia ir até aos inimigos através de um gancho (basicamente o Get Over Here do Scorpion, mas ao contrário).

Doom Eternal vive para a ação, mas também sabe intervalar a jogabilidade com outros momentos de jogo. Este tipo de design é imprescindível para que o jogador possa acalmar, recuperar forças, e preparar-se para a próxima batalha. Isso é feito através de um misto de plataformas com exploração, já que existem inúmeros segredos à espera do jogador mais atento. Vários jogos têm dificuldades para atingir esse equilíbrio, mas Doom Eternal consegue-o de forma exímia.

Um fator determinante para a qualidade de jogo de Doom Eternal é a sua fluidez, que tenta correr nuns constantes 60 frames por segundo. A jogar num laptop com uma RTX 2070, não tivemos qualquer problema em manter uma fluidez constante, mesmo com definições gráficas altas, mas não conseguimos testar as versões de consolas. A id Software promete 60 frames por segundo em PS4, PS4 Pro, Xbox One, e Xbox One X (30 frames na Switch), e considerando que era essa a fluidez de jogo do Doom 2016, não temos razões para desconfiar. De qualquer forma, não foi uma experiência isenta de problemas.

Em algumas ocasiões o jogo atirou-nos para o ambiente de trabalho sem motivo aparente (ainda que continuasse a correr no fundo), mas mais grave foi a situação de um colega nosso, que perdeu o progresso depois do save ter ficado corrompido. Esperemos que tenha sido caso único, porque nada é mais frustrante do que perder horas de jogo desta forma.

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Quanto à campanha em si, continua os eventos deixados em aberto em Doom de 2016, embora revele mais pormenores acerca do Doom Slayer e o seu passado. Como no anterior, cabe ao jogador decidir quanto tempo quer dedicar a aprofundar o conhecimento da personagem e da história, através de documentos e ficheiros de áudio que encontra. Talvez mais importante que isso são as localizações que irá visitar durante a campanha, com um detalhe gráfico fantástico e uma atmosfera soberba. Desde as ruas devastadas da Terra, a masmorras demoníacas em chamas, passando por algumas localizações estonteantes que não nos atrevemos a revelar, Doom Eternal é uma impressionante montanha-russa que merece ser desfrutada.

Além da campanha, vai também encontrar um modo online, que infelizmente não tivemos a oportunidade de experimentar nesta versão. Testámos, contudo, o modo Battlemode, durante uma visita à id Software. Neste modo, um Doom Slayer enfrenta dois demónios, numa dinâmica que vai mudando ao longo da partida. É uma proposta interessante, que pode conhecer com mais detalhe na nossa antevisão.

Os problemas técnicos que encontrámos - em particular a questão do save - e as primeiras horas algo confusas, impedem-nos de dar nota máxima a Doom Eternal, mas que fique bem claro que estamos a falar de um jogo estupendo, que é facilmente um dos melhores títulos de ação na primeira pessoa desta geração. Com uma campanha espantosa que ultrapassa as 20 horas de jogo, e uma jogabilidade deliciosamente visceral, Doom Eternal é obrigatório para todos os que apreciam o género.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Jogabilidade fantástica. Arsenal estupendo. Grafismo de luxo sem prejudicar fluidez. Campanha entusiasmante.
-
Excesso de mecânicas e funções. Tivemos um grave problema com saves no PC.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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