Português
Gamereactor
análises
Dark Souls III

Dark Souls III

Louvado seja o Sol e Dark Souls III!

HQ

Esta análise foi escrita tendo como base dezenas de horas de jogo com a versão a solo de Dark Souls III. O nosso acesso aos servidores onlline foi muito limitado, e como tal não tivemos a oportunidade de testar essas opções. Depois do lançamento, e de testarmos o modo online, faremos atualizações a este texto caso seja necessário.

A saga Souls sempre partilhou muitos elementos entre si, embora cada jogo tenha conseguido manter uma identidade própria. Entre Demon's Souls, Dark Souls e Dark Souls II, observámos mudanças em termos de história, mecânicas e atmosfera, tudo embrulhado em magníficos mundos de jogo. Mundos como Lordran e Drangleic, que visitámos nos dois capítulos anteriores, envolveram-nos com os seus mantos de escuridão e beleza, com uma eficácia que poucos jogos conseguiram. É por isso ainda mais impressionante que Lothric, o mundo de Dark Souls III, seja o nosso favorito de toda a saga.

Visualmente, este é o jogo mais bonito da saga, o que não é surpreendente considerando que é o primeiro criado de raiz para a nova geração. Mas mesmo comparando com Bloodborne, exclusivo PS4 dos mesmos produtores, Dark Souls III leva vantagem. O jogo parece ter melhor qualidade visual, e a experiência em si decorre de forma mais fluída do que em Bloodborne. Também ficámos surpreendidos com a quantidade de cor que algumas áreas do mundo mostram, embora o tema por trás de Lothric seja evidente - chamas, brasa, e cinzas. A beleza dos cenários é de tirar a respiração, mas não se deixem enganar durante muito tempo, porque chegámos a ser empurrados para a morte enquanto estávamos distraídos com a beleza de Dark Souls III.

HQ
Publicidade:

O mundo em si é composto por menos áreas que o jogo anterior, mas as que estão presentes são maiores e acima de tudo, mais complexas. Vão passar horas a explorar cada zona, e é provável que continuem a achar segredos e esconderijos mesmo depois de terem passado bastante tempo numa área. Este incentivo à exploração sempre foi um dos elementos que mais nos agradou na série, um sentimento que está bem vivo em Dark Souls III. São verdadeiros exemplos de excelente design, áreas que à primeira vista parecem caóticas e aleatórias, mas que fazem todo o sentido num panorama geral.

Dark Souls sempre abordou a história de forma algo abstrata, deixando muito para ser encontrado e interpretado pelo jogador. Isso continua a ser verdade em Dark Souls III, embora aqui o jogo seja um pouco mais direto que os antecessores, e existe uma ligação óbvia com os capítulos anteriores. A saga é perfeitamente apreciável sem qualquer incentivo narrativo, e muitos dirão que esta não é a melhor forma de se criar uma história, mas é assim que funciona no mundo de Dark Souls, e os fãs não aceitam que seja de outra forma. Na internet podem encontrar várias interpretações das histórias de Dark Souls, e embora isso não seja essencial para a experiência, acabou por dar um contexto mais interessante à nossa aventura por Lothric.

Dark Souls III tem obviamente um legado importante para seguir, mas não podemos esquecer Bloodborne, e existem inspirações óbvias desse jogo. Embora o estilo de combate lento e defensivo que caracterizou os jogos anteriores ainda esteja disponível, a jogabilidade tem um ritmo mais acelerado, e existem mais incentivos para um comportamento agressivo do jogador, à semelhança de Bloodborne. Podem usar magia, fogo, espadas, adagas, escudos, lanças e arcos, tal como no passado, mas de forma mais intensa.

O combate aproximou-se um pouco de Bloodborne, mas existem outras mudanças que devem considerar, como a introdução das Weapons Arts. Isto implica que cada arma ou escudo tem uma habilidade que é ativada com os gatilhos, e que pode ter impacto no estilo de jogo. Por exemplo, os machados permitem usar War Cry (aumenta o ataque durante alguns segundos) quando estão a segurá-lo com as duas mãos. Com as lanças podem executar Charge, e correr com a arma empunhada em direção ao inimigo. É um sistema que torna a jogabilidade ainda mais dinâmica, e que incentiva o jogador a variar a sua postura no combate. Com tamanha variedade, será interessante ver que tipo de táticas os jogadores vão criar, sobretudo no PvP.

Publicidade:

As novas Weapon Arts utilizam um recurso chamado Focus, que pode ser descrito como a Mana dos outros jogos. Basicamente é uma barra azul que se vai esgotando conforme realizam Weapon Arts ou magias, e que se recarrega sempre que descansam numa fogueira. Os Estus Flask estão de regresso, e serão o melhor amigo do jogador sempre que precisar de ganhar saúde, mas agora existe uma nova variante que recarrega o Focus. Quando encontrarem o Ferreiro, podem definir o número de frascos para cada tipo. Por exemplo, se têm 4 fracos ao todo, podem usar 3 para recarregar saúde e um para ganhar Focus. Ou se não vão utilizar magias, podem usar todos os frascos para ganharem saúde. Por outro lado, um mago - e sobretudo o Cleric -, dará preferência a frascos que restaurem Focus.

Outra mecânica que mudou foi a humanidade. Nos jogos anteriores o jogador assumia o papel de Hollow, e só poderia recuperar a sua humanidade se consumisse um item de Humanity (Dark Souls) ou de Human Effigy (Dark Souls II). Este terceiro capítulo é um pouco diferente, já que o vosso papel agora é o de um Unkindled, que precisa de chamas (Ember) para recuperar a sua condição ideal.

HQ

Estes Embers funcionam de forma semelhante ao itens correspondentes dos jogos anteriores, ou seja, aumentam a saúde do jogador enquanto estiver vivo. Depois de morrerem, perdem essa vantagem, até matarem um boss ou consumirem novo Ember. Um pormenor curioso é que as Embers, ao contrário da humanidade nos jogos anteriores, acrescentam um efeito visual na personagem, como se tivesse chamas a percorrer o seu corpo. Supomos que em termos de PvP será semelhante ao passado, e que só serão invadidos por outros jogadores se tiverem Ember ativo.

As áreas centrais sempre foram um elemento importante de Dark Souls, e isso não é exceção com o novo jogo. A área central de Dark Souls III chama-se Firelink Shrine, e mais do que nos anteriores, é uma reunião de todos os elementos essenciais para progredirem. Podem comprar e vender itens, subir de nível, e aceder ao Ferreiro, entre outros segredos para descobrirem. A partir da Firelink Shrine também podem saltar diretamente para qualquer outra fogueira do jogo que já tenham acendido. Como também já acontecia nos anteriores, esta área central vai receber visitas de tempos a tempos, inclusive de personagens com que vão interagindo pelo caminho. Já agora, uma dica. Os itens disponíveis na vendedora podem ser melhorados com Umbral Ash, por isso estejam atentos a este item durante a vossa aventura, já que podem ganhar acesso a alguns itens muito interessantes.

Os bosses sempre foram um dos pontos altos de Dark Souls, uma tradição que se mantém neste terceiro jogo. Talvez não tenha tantos bosses como os anteriores, mas os que estão presentes mostram alguma evolução de desgin. A maioria destes confrontos são épicos e únicos, com a exeção de algumas batalhas que são claramente inspiradas em alguns dos melhores momentos dos anteriores. Também nos parece óbvio que a dificuldade dos bosses depende um pouco da classe do jogador, mas se uma personagem de magia pode ter facilidades a derrubar um inimigo, provavelmente terá mais dificuldades noutra, o que acaba por equilibrar a situação. Embora a qualidade do design e do comportamento dos inimigos nos tenha impressionado, reparámos que os bosses foram um pouco mais fáceis de conquistar do que esperaríamos. Alguns jogadores não vão gostar dessa maior facilidade, mas isto não significa que Dark Souls seja um jogo fácil, pelo contrário. Está um pouco mais acessível, mas continua a ser impiedoso.

HQ

Se os bosses não nos pareceram muito difíceis, pelo caminho encontrámos alguns inimigos "normais" que nos obrigaram a lutas muito intensas. O jogo gosta de desafiar o jogador de tempos a tempos, colocando um outro inimigo mais difícil do que seria previsto no seu caminho, criando quase encontros com mini-bosses que podem ser muito desafiantes.

Dark Souls III é um jogo perfeitamente acessível a novatos, no sentido em que não requer qualquer conhecimento dos jogos anteriores. E pela forma como está desenhado, em termos de zona de tutoriais, área central, e explicação de mecânicas, é o que permite uma entrada mais facilitada no mundo de Dark Souls. Contudo, os fãs da série vão descobrir muitas referências aos antecessores, em termos de personagens, eventos, batalhas e história.

Existem muitos segredos, tesouros, e caminhos para explorarem, numa viagem que pode culminar num de três finais. E depois disso ainda existe o Nem Game Plus, para quem quiser continuar a sua aventura numa dificuldade ainda mais exigente. A componente online, que permite jogabilidade cooperativa e competitiva, não estava disponível aquando da análise, e é um ponto importante para quem se concentra na jogabilidade de nível mas alto, mas mesmo sem considerarmos o modo online, Dark Souls III é um jogo estupendo, que temos de recomendar a todos os fãs, e até a potenciais novos jogadores.

Dark Souls IIIDark Souls III
Dark Souls IIIDark Souls III
09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Excelente combinação de desafio e exploração. Design estupendo dos níveis e dos bosses. Mistura os melhores elementos dos anteriores.
-
Algumas batalhas com bosses foram mais fáceis do que esperávamos.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

Textos relacionados



A carregar o conteúdo seguinte