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Da Manga para as consolas

O Gamereactor passou um dia com os produtores de Jojo's Bizarre Adventure, Saint Seiya, Dragon Ball e Tales of.

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É a última de quatro apresentações seguidas. O produtor da série Tales of, Hideo Baba, que fez questão de transformar os seus 15 minutos de entrevista em 20, está finalmente a sair da sala. De entrada estão Hiroshi Matsuyama, CEO e fundador da CyberConnect 2 e Noriaki Niino, produtor de JoJo's Bizarre Adventure All Star Battle. Ambos estão vestidos a rigor para a ocasião.

Niino tem uma camisa e uma gravata elegante com caveiras. É igual à gravata de Yoshikage Kira, o vilão principal da quarta parte da Manga de JoJo's Bizarre Adventure. Niino depois explica-nos que está a usar a gravata, não porque deseja ser um assassino (?), mas porque todas as personagens de JoJo's Bizarre Adventure, boas ou más, têm um lado humano. Matsuyama, por outro lado, foi um pouco mais longe e vestiu-se de forma idêntica a Rohan Kishibe, uma das personagens centrais do mesmo capítulo - incluindo uma fita para a cabeça e brincos. Quando chegam até ao centro da sala, ambos assumem as posições mais conhecidas das personagens respetivas. O silêncio é embaraçoso.

Nenhum dos jornalistas na sala tem qualquer ideia do que se passa. Afinal de contas, JoJo's Bizarre Adventure é virtualmente desconhecido na Europa, salvo por alguns fãs muito dedicados à animação japonesa (e sabemos que existem uns quantos em Portugal). O nosso único contacto prévio com a obra aconteceu com o título da Capcom para PlayStation e Dreamcast, que foi recentemente adaptado à alta definição para a PlayStation 3 e Xbox 360. O tradutor informa-nos que podemos tirar fotografias com os produtores e decidimos juntarmo-nos ao embaraço.

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Niino (esquerda) e Matsuyama (direita) preparam as suas posses enquanto Bengt se esconde no meio.
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A Manga de JoJo's Bizarre Adventure foi publicada há 26 anos no Japão, incluída na revista Weekly Shonen Jump e mais tarde na Ultra Jump. Da criação de Hirohiko Araki, JoJo's Bizarre Adventure acompanha a história da família Joestar e o seu estilo muito peculiar distingue-o das outras Mangas. No Japão é bastante popular e naturalmente existe um Anime baseado na Manga.

Também é fácil perceber porque JoJo's Bizarre Adventure não é particularmente popular fora do Japão. Como o nome indica, é realmente bizarro. As roupas, o estilo, os vampiros... Mas é impossível negar o mérito da arte e isso é claramente transposto para o jogo. Foi um sucesso massivo no Japão, ultrapassando o meio milhão de cópias vendidas e conseguiu uma classificação de 40/40 na revista japonesa Famitsu. Além disso consegue apelar, tanto a fãs da Manga, como de jogos de luta. Mistura vários elementos de outros jogos do género, como um misto bizarro entre Street Fighter, BlazBlue e Dead or Alive. É dinâmico e a forma como consegue mudar radicalmente os estilos de combate das personagens assegura boa diversidade.

Galeria de JoJo's Bizarre Adventure

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Matsuyama está confiante, apesar do seu fato branco e azul: "Eu quero que esta seja a maior série de luta dos próximos 10 anos," afirmando que não existiram muitas séries de luta novas na última década.

"Por favor espalhem a palavra," pede-nos Niino. Um sentimento que se estende a todo o evento, repetido várias vezes. Existe uma humildade evidente. Esta foi a quarta apresentação e os gritos dos trailers ainda ecoam nos ouvidos. O nível do barulho é indicativo de um país onde as lojas têm várias televisões a passarem vídeos com o volume no máximo, sobrepondo-se. É preciso gritar para que alguém se ouça e com cada grito o próximo precisa de ser ainda mais alto.

Na última década houve uma clara mudança de paradigma na indústria. Se outrora o Japão era a autoridade sobre a matéria, agora evidencia claras dificuldades para acompanhar as produtoras ocidentais. Sim, claro que ainda existem muitos jogos oriundos do Japão que merecem o nosso entusiasmo, mas neste momento as suas produtoras estão claramente marginalizadas. Um efeito que também se deve ao declínio das consolas caseiras no mercado nipónico, em favor das portáteis que dominam as vendas. Nada é mais indicativo disto mesmo do que a decisão da Sony em lançar a PlayStation 4 no Japão três meses depois do lançamento europeu e americano. Perguntámos a todos os produtores presentes o que pensavam disso, e embora estivessem algo reticentes em tecer comentários, concordaram que era um pouco estranho.

Hideo Baba, o produtor da série Tales of, referiu que não cabia a si comentar a estratégia da Sony, mas notou que era mau para os jogadores japoneses que a Sony tenha optado por focar primeiro nos mercados exteriores.

"Seria fantástico ter a consola ao mesmo tempo que EUA e Europa," admitiu Hiroshi Matsuyama de Jojo's. "Mas ao mesmo tempo penso que para o mercado japonês não é crucial ter a consola em simultâneo com o resto do mundo. No mercado japonês não há a tendência para que muitas pessoas passem a noite à frente da loja para a comprarem no primeiro dia. As novas plataformas normalmente demoram muito tempo a atrair os jogadores japoneses. Por isso penso que sair em novembro ou fevereiro não fará muita diferença."

"Vão chegar tarde, mas continuo curioso para as ver," afirmou o produtor de Dragon Ball Z: Battle of Z, Kunio Hashimoto. "Claro que continuamos entusiasmados, e quando essas consolas saírem no Japão, talvez haja algum anúncio nosso. Ou talvez não."

Saint Seiya, ou como nós lhe chamamos, Os Cavaleiros do Zodíaco, é outro fenómeno da cultura japonesa, embora este tenha gozado de grande popularidade em Portugal. A Manga original foi criada em 1986, publicada na Shonen Jump - eventualmente foi criada uma série de animação japonesa (que chegou a Portugal na década de 90) e mais recentemente o final da Manga foi também adaptado à TV. A história concentra-se em cinco cavaleiros do zodíaco que utilizam poderosas armaduras e que conseguem dominar a energia do cosmos. As influências na mitologia grega são também evidentes.

O produtor Ryo Mito afirmou que: "Pessoalmente sinto que os fãs, especialmente na Europa, estão a expandir. Estamos sempre a receber pedidos e sugestões de funções ou conteúdo que gostariam de ver no jogo."

Saint Seiya: Brave Soldiers está a ser produzido pela Dimps, uma produtora veterana neste género. Uma equipa que era originalmente composta por membros da SNK e da Capcom e que trabalharam em jogos como Street Fighter X Tekken, Street Fighter IV e vários títulos da série Dragon Ball Z: Budokai. Na maior parte é um jogo de luta sem grandes invenções, excepto por uma característica - o Cosmos. Esta energia mística pode ser absorvida se ficarem concentrados no mesmo local ou através de ataques (embora a primeira seja bem mais eficaz). Uma mecânica que será familiar a quem está habituado aos jogos de Dragon Ball ou Naruto.

"Os pedidos dos fãs conseguiram mudar a minha mentalidade e decidi esforçar-me ainda mais nas versões internacionais," concluiu Ryo Mito.

Galeria de Saint Seiya: Brave Soldiers

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O Gamereactor já tinha tido a oportunidade de falar com Ryo Mito no passado (sobre Saint Seiya: Sanctuary Battle), no evento anual da Namco Bandai que costuma anteceder a Tokyo Game Show. Essa reunião nos escritórios da Namco Bandai em Tóquio é normalmente bastante informal e permite aos jornalistas conversar com produtores familiares como Harada-san de Tekken, mas também interagir com os representantes de produtos ligeiramente mais desconhecidos. Dos cinco produtores presentes neste último evento, o único que nunca tínhamos tido o prazer de entrevistar era Noriki Niino, o produtor de JoJo's Bizarre Adventure All Star Battle.

Muito longe de obscuro é Dragon Ball Z. A quantidade de jogos baseados na popular série Anime é incontável, mas a verdade é que se não eram fãs da série televisiva, provavelmente nunca chamou a vossa atenção. Os jogos de Dragon Ball têm oscilado na qualidade, por isso o novo Battle of Z pretende fazer algo diferente, que pode ser muito bom... ou muito mau, já que junta até oito personagens no campo de batalha. De qualquer forma estamos curiosos para ver mais do jogo.

Galeria de Dragon Ball Z: Battle of Z

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O único jogo presente que não encontrou as suas origens numa Manga era Tales of Symphonia Chronicles (embora tenham sido criadas Mangas inspiradas no jogo). Este título é uma compilação de dois jogos e chega à PlayStation 3 no dia 28 de fevereiro. Durante os últimos anos encontrámos o seu produtor Hideo Baba em diversas ocasiões, para falar de Tales of Vesperia ou Eternal Sonata. Mas este é um regresso às origens. Com o décimo aniversário de Tales of Symphonia (o primeiro jogo da série que conseguiu realmente estabelecer-se na Europa), a Namco decidiu juntá-lo á sequela, Tales of Symphonia: Dawn of the New World e cobri-los com uma nova demão de alta definição. As origens em sistemas inferiores continuam evidentes, apesar do novo tratamento, mas é um lançamento que vai certamente apelar aos fãs dos RPG de cariz nipónico. E sim, os jogos vão incluir as versões japonesas das vozes.

"Basicamente existem duas funções nucleares para a série Tales," afirma Baba. "O primeiro é a história, que é muito importante. O tema básico para qualquer Tales of é a co-existência. Além desse tema, adicionamos sempre outro tópico diferente em cada jogo. E precisamos de criar um protagonista atraente e que consiga interpretar bem o tema. A personagem precisa de causar simpatia entre os jogadores. Esta é a primeira grande função de Tales of. A segunda é o sistema de combate único."

A série Tales of nasceu na Super Nintendo, em 1995, com Tales of Phantasia. Tem sido uma série regular desde então, embora não goze da popularidade de marcas como Final Fantasy ou Dragon Quest. Foi só em 2004, na Gamecube que a série se estabeleceu na Europa, graças a Tales of Symphonia. É fácil perceber o porquê do carinho demonstrado por esta compilação para PS3.

Galeria de Tales of Symphonia Chronicles (Tales of Symphonia)

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Galeria de Tales of Symphonia Chronicles (Tales of Symphonia: Dawn of the New World)

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Hideo Baba é um produtor muito entusiasmado e não é tão reservado como os seus colegas. Manifestou o seu agrado por estar na Europa a promover o seu jogo. Tales of Xillia 2 também foi rapidamente mencionado, embora os jogadores tenham de esperar por 2014 para experienciarem o jogo.

Galeria de Tales of Xillia 2

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A Namco Bandai partilhou ainda imagens das edições especiais de Dragon Ball Z: Battle of Z, Tales of Symphonia Chronicles e Saint Seiya: Brave Soldiers, que podem ver em baixo.

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Podem contar com entrevistas completas para breve sobre todos os títulos mencionados neste artigo, entre outras novidades para o GRTV.



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