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Bow to Blood: Last Captain Standing

Bow to Blood: Last Captain Standing

É o que acontece quando se misturam reality-shows, naves espaciais e drones robóticos.

Desconhecíamos o quão necessitados estávamos por um reality-show onde piratas futuristas se digladiam uns contra os outros em arenas repletas de perigosos drones e cenários bizzarros, pelo menos até nos termos deparado com Bow to Blood: Last Captain Standing. Este título de arena singleplayer em câmera first person foi desenvolvido pela Tribetoy e apresenta galeões flutuantes como veículos de combate, num torneio onde só pode haver um vencedor. O sucesso depende da vossa abordagem - a agressividade oferece recompensas a curto prazo, mas a astúcia poderá conferir-vos maior longevidade, a não ser que façam muitos inimigos e sejam expulsos aquando das votações.

A vossa personagem é conhecida como The Freelancer, uma figura cuja identidade está oculta tanto pela máscara que enverga como pelo nome enigmático. O primeiro impacto que temos dá-se com a pequena cena de introdução onde conhecem a vossa tripulação, composta por duas pessoas que vos vão ajudar a manobrar a embarcação, que é relativamente larga. Ambas são carismáticas e têm um design futurista, mas ficam com a sensação de que estão só aqui para fazer cenário, como se de mascotes não jogáveis de um jogo de plataformas se tratassem. Uma vez feito isto, é-vos apresentado um tutorial dos mecanismos básicos: como controlar o vosso barco flutuante, subir para cima e para baixo, como parar, etc. É um pouco excessivo assimilar todos estes conceitos de uma vez só, pelo que um painel com o mapa dos botões ou um modo de personalização de controlos poderia ter facilitado as coisas.

Após termos manobrado o nosso navio pirata de um abismo estreito para uma área aberta enorme com um painel de monitores gigantes ao centro, apercebemo-nos de que estávamos a entrar numa espécie de jogo televisivo. O apresentador não tardou, e rapidamente nos sentimos desconfortáveis com as suas tiradas atrevidas e trejeitos variados. É algo realmente intenso. Terminado o espetáculo, estava na altura de dar início ao torneio em si.

Bow to Blood: Last Captain Standing

É de sublinhar que devido à natureza parca do tutorial, nem tudo é óbvio ao começo. Com o decorrer de dois níveis vão ganhar pontos, os quais vos colocam numa tabela de classificação; as personagens nas posições inferiores vão a votos (tanto por vocês como pelos outros capitães controlados pela inteligência Artificial), e quem tiver menos votos é expulso do torneio. Estes níveis são uma espécie de trilho de combate e divergem entre rondas, sendo que cada torneio é composto por várias rondas.

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Se se lançarem de cabeça nos combates, confiantes de que têm a perícia e habilidade suficientes para enfrentarem o que quer que seja que se ponha à vossa frente, é provável que sofram danos irreparáveis. A compreensão dos danos que a vossa embarcação sofre à medida que avançam nas rondas não é algo para o qual o jogo vos tenha preparado. Para além disso, não vos dão quaisquer informações sobre o modo como funciona o combate e até mesmo o próprio torneio, o que é um pouco ridículo. No entanto, após algumas rondas a levar porrada, tudo começa a entrar nos eixos e manobrar a vossa embarcação torna-se algo intuitivo.

Bow to Blood: Last Captain Standing

Já os aspetos mais avançados do jogo estão numa categoria diferente. Têm de dar ordens constantemente à vossa tripulação através de um menu em roda, o que se pode tornar frustrante e cansativo. Para além disso, têm de reconfigurar a energia do vosso barco - para que certas partes funcionem com mais eficácia - através de outro menu em roda. Por exemplo, uma vez em combate, poderá ser útil redirecionar a energia que estava ligada à função de impulso para armas mais avançadas, ou até mesmo para um escudo. Soa simples, mas quando estão a ser atacados por numerosos drones e estão a tentar operar um menu, nem tudo corre pelo melhor. Mais, enquanto capitão, estão encarregues de destruir drones que intercetem o vosso barco; isto significa que ao mesmo tempo que lidam com numerosas tarefas, têm ainda de sacar de uma pistola e disparar contra pequenos drones que vos obstruem a visão. Com toda a confusão em redor, é provável que certos aspetos fiquem para segundo plano, e vossa embarcação irá sofrer com isso.

O estilo artístico empregue é, no geral, impressionante. O jogo utiliza uma espécie de cel-shading semelhante ao de Borderlands, e tudo parece saído de um livro de banda-desenhada. Bow to Blood não falha nesta vertente e este estilo assenta que nem uma luva a toda a experiência, à medida que observam as explosões e as armas a disparar durante as batalhas desenfreadas. Uma das nossas partes favoritas é observar os globos oculares robóticos gigantes a disparar raios laser, um espetáculo verdadeiramente fascinante.

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Bow to Blood: Last Captain StandingBow to Blood: Last Captain Standing

Outra parte intrigante de Bow to Blood assenta no sistema de votos. Em cada ronda do torneio, os capitães com as pontuações mais baixas são sujeitos a um voto que ditará a eliminação de um dos participantes. Isto irá causar algumas situações estranhas, pois tanto podem estabelecer amizades com os outros capitães de forma a assegurar o seu voto, como o oposto pode acontecer. Embora isto acrescente uma estratégia agradável ao jogo, por vezes pode cair num ciclo vicioso - dado que um capitão pode ter constantemente pontuações baixas e mesmo assim sobreviver durante várias rondas, enquanto que vocês podem ser expulsos antes de ele o ser. Mas este sistema de causa e efeito pode também limitar o quão agressivos os jogadores pretendem ser. Por exemplo, se decidirem destruir o barco de um capitão numa partida, provavelmente este tornar-se-á vosso inimigo (bem como os seus aliados), o que significa que se por acaso a vossa personagem for sujeita a uma votação, provavelmente será eliminada. Caso isso aconteça, podem simplesmente iniciar uma nova época, onde capitães e arenas diferentes vos esperam, uma vez que os torneios são sempre diferentes (graças aos encontros aleatórios e à rotatividade do elenco).

No seu todo, Bow to Blood: Last Captain Standing é um título singular com mecânicas interessantes, e que faz um bom trabalho ao vos colocar na pele de um pirata espacial. Embora alguns elementos possam ser frustrantes, a maior parte da experiência em oferta é agradável, o que é excelente se tivermos em conta que é um jogo que foi desenvolvido para ser experienciado durante muito tempo.

HQ
07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Um conceito original que é divertido e que pode ser jogado durante muito tempo.
-
Os controlos e a mecânica de jogo podem ser às vezes extenuantes, e o sistema de votos pode ser enervante.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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