Assassin's Creed Odyssey arranca com o Rei Leonidas, numa posição muito familiar para os fãs do filme (ou da banda desenhada) 300. É essa batalha épica com os persas que serve de introdução ao novo jogo, momento em que também passámos a conhecer novas mecânicas cozinhadas pela Ubisoft - habilidades das personagens (Leonidas é uma personagem de nível elevado), e batalhas de grande escala.
A Ubisoft confessou-nos que escolheu este momento para facilitar a entrada no jogo, já que é provável que um grande número de jogadores esteja familiarizado com a história destes 300 espartanos. É também uma boa forma de deixar o jogador curioso, antes de o atirar para o presente em nova aventura com Layla Hassan, que se estreou em AC: Origins. Não vamos revelar o que se passa em concreto no presente, mas podemos dizer que Layla está à procura da lança do Rei Leonidas, o que lhe dará acesso a dois traços de ADN - Alexios e Kassandra, ambos filhos do rei. Em termos práticos, isto vai permitir que o jogador possa escolher entre as duas personagens no início do jogo, mas não esperem duas histórias diferentes. Por motivos que não vamos revelar, uma das crianças é exilada no início da aventura, e é a escolha do jogador que determina qual dos dois é exilado.
O mistério por trás desta separação é um dos três pilares narrativos de Assassin's Creed Odyssey, e possivelmente o mais importante, comparável à história de vingança de Bayek em Origins. Depois existe a narrativa em torno do Culto, que está ligada ao mistério familiar, já que este culto estará por trás do que aconteceu à família de Leonidas. Por fim, existe a narrativa concentrada na Primeira Civilização, representada por temas da mitologia grega e com ligação à história no presente, com Layla.
A primeira vez que jogámos Assassin's Creed Odyssey, na E3 2018, permitiu-nos desfrutar de algumas missões mais relacionadas com o culto, enquanto caçamos indivíduos ligados à fação. Depois, na Gamescom, explorámos a natureza mais mitológica do jogo, que não terá nada de sobrenatural - tudo o que existe de sobrenatural na série está ligado à Primeira Civilização e os seus artefactos. Agora, nesta demo consideravelmente mais longa, vimos o início da aventura, as motivações das personagens, e o grosso do que é afinal a história de Odyssey. Foram sete horas de jogos, na PS4 Pro, que permitiu passar os dois primeiros atos da aventura.
Depois da introdução com Leonidas e Layla, o jogo arranca na ilha de Kephallonia, com Alexios ou Kassandra (dependendo da vossa escolha) a aparecerem na praia depois de um naufrágio. O jogo depois avança para 431ac, e mostra uma personagem adolescente que é já bastante capaz e independente. A primeira missão pede-nos que lidemos com dois rufias enviados por Cyclops, um criminoso local que não é grande fã da nossa personagem, e apresenta o novo sistema de escolhas introduzido pela Ubisoft - podem simplesmente avisá-los com uma tareia, ou podem matá-los. Decidimos poupá-los, mas mais tarde voltaram a aparecer, com mais amigos, para tentarem terminar o serviço. É uma escolha sem grande consequência, e sem qualquer impacto narrativo, mas que demonstra como a aventura pode mudar com as decisões do jogador. Também conhecemos Phoibe, uma jovem rapariga que será importante neste ato inicial, e cuja relação com o jogador será moldada pelas escolhas que tomar.
Descobrimos que a nossa personagem foi salva por um homem chamado Markos, quando aparecemos na praia, que desde então nos criou. Markos não é um homem muito ambicioso, mais preocupado com as suas vinhas, que conseguiu depois de pedir dinheiro a Cyclops. Como devem calcular, Markos não conseguiu pagar o empréstimo, e isso leva ao envolvimento da nossa personagem com Cyclops, o que por sua vez irá dar início à narrativa que envolve a família de Leonidas.
A certo ponto vão realizar uma missão para Phoibe, que é outro bom exemplo de como o mundo do jogo é afetado pelas decisões do jogador. Phoibe praticamente idolatra o jogador, e pede a sua ajuda para salvar um amigo de uma aldeia próxima, que está doente. Ao chegarmos à aldeia, reparámos numa série de casas queimadas, e numa família detida por soldados. Podem deixar que os soldados matem essa família, o que pode terminar com a doença contagiosa, ou podem interferir. A vossa escolha irá depois afetar essa aldeia e a relação com Phoibe, não só a curto prazo, mas também a longo prazo.
Além do sistema de decisões, Odyssey também inclui um novo esquema de habilidades, que o aproximam ainda mais de um RPG de ação. À medida que combatem, vão ganhar adrenalina, que pode depois ser usada para ativar habilidades especiais. É um sistema semelhante ao de Origins, mas mais agressivo, uma ideia reforçada pelo facto de Odyssey não incluir escudos. Podem sim contra-atacar, evitar ataques, e bloqueá-los com o timing certo, tudo num espírito mais virado para uma jogabilidade que pretende criar mais riscos para o jogador do que a jogabilidade segura do jogo anterior, onde muitos jogadores se esconderam por trás de um escudo.
As habilidades dividem-se em três árvores: caçador (combate à distância), guerreiro (combate corpo-a-corpo), e assassino (combate furtivo). Algumas habilidades estão bloqueadas por história, outras por nível, mas de forma geral podem escolher como evoluir a personagem, seja de forma equilibrada ao longo das três árvores, ou como especialista num estilo de combate. Experimentámos várias técnicas e armas, e a verdade é que a abordagem em si pareceu realmente diferente da de Origins, algo que a Ubisoft quis realmente modificar.
As secções navais também serão expandidas em relação ao que apareceu em Origins. A certo ponto vão receber um navio, e podem recrutar companheiros para posições chave do navio. De certa forma, o navio será a 'base' do jogador, e como tal, podem evoluir muitos aspetos do navio ao longo do jogo. Ainda assim, não esperem algo como AC IV: Black Flag, já que a jogabilidade naval equivaleu a apenas uma minoria das sete horas que jogámos. Podem, contudo, esperar muitos cânticos por parte dos marinheiros, diferentes dos que ouviram nos outros jogos.
Mais tarde começamos a trabalhar com os espartanos, realizando missões que os ajudaram na sua batalha contra Atenas. Isto apresentou-nos a estrutura de conquista de regiões, que começa com a realização de missões para enfraquecer o exército adversário. Eventualmente terão a hipótese de eliminar o líder dessa facção, e depois disso irão participar numa batalha de larga escala. Depois disso, e pelo menos neste caso, um líder espartano passou a dominar a região... mas presumimos que o podem tirar de lá mais tarde, se quiserem.
O jogo vai oferecer muitas interações ao jogador, mais que Origins, incluindo opções românticas. Jogámos com Kassandra, e durante as nossas interações, tentámos ser atrevidos a nível romântico. Isto levou-nos a conhecer Odessa, uma personagem que pode assumir uma relação com o jogador. Não vamos entrar em pormenores, mas as nossas ações estragaram as opções de namoro com Odessa. Pelo menos acabámos por conseguir recrutá-la para o nosso navio. Um pormenor curioso é que, na primeira vez conhecem Odessa, podem escolher libertá-la de uma prisão, ou deixá-la tar. Se a deixássemos, não teríamos visto nenhuma destas interações que surgiram mais tarde.
Em Odyssey não serão assassinos, mas mercenários, e existe todo um novo sistema em torno desse estatuto. À medida que cumprem objetivos e eliminam a competição, vão subir de categoria enquanto mercenários, algo que também vão desbloqueando vantagens para a personagem. A fama, contudo, não trás só elementos positivos, e se forem muito conhecidos, vão começar a ser caçados. Alguns mercadores até vos podem ignorar, e as relações com algumas personagens podem também sofrer alterações.
Das três ocasiões em que jogámos Assassin's Creed Odyssey, a Ubisoft mostrou-se sempre muito confiante com o seu trabalho, e não é para menos. Depois de termos passado um total de mais de doze horas com o jogo, parece-nos que Odyssey é realmente uma evolução séria de Origins, ainda que o utilize como base. Mas doze horas parece-nos pouco para um jogo desta magnitude. Vimos ainda pouco da história, e estamos curiosos para perceber como irá evoluir. E claro, existe toda a questão de polimento e optimização. Origins apareceu em boa forma, mas Syndicate e sobretudo Unity, obrigam a alguma cautela. Apesar destas reservas para verificar mais tarde, partilhamos da confiança da Ubisoft em Assassin's Creed Odyssey.