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FIFA 22

FIFA 22 - Primeiras Impressões

O HyperMotion traz novidades interessantes ao simulador de futebol, mas os problemas do costume persistem.

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FIFA 22 é uma entrada peculiar entrada na série de futebol porque se encontra divido em duas partes: a versão da geração passada (PC, PS4, Xbox One), e a versão focada na atual geração de consolas (PS5, Xbox Series X|S). Ambas as versões partilham algumas novidades, e sabemos quais são, mas os grandes destaques são exclusivos às novas versões, e, como podem prever, são aqueles que a EA Sports promete que farão toda a diferença. Mas será que fazem assim tanto a diferença? Foi o que tentámos descobrir durante uma sessão beta privada com a versão PS5.

Novidades da Nova Geração
O grande destaque deste ano vai para o HyperMotion, a funcionalidade que combina duas tecnologias (Advanced 11v11 Match Capture e Machine Learning) "para criar a experiência mais realista, responsiva e fluída possível na jogabilidade", de acordo com o Line Producer, Sam Rivera. Portanto, Advanced 11v11 Match Capture é exatamente o que o nome indica - 22 jogadores participaram em partidas reais, num estádio real, vestidos com um fato de captura de movimento que permitiu à EA gravar uma qualidade impressionante de movimentos realistas. A EA indica que a tecnologia permitiu-lhes captar movimento de maior intensidade, com os jogadores a reagirem de forma contextual à partida, em vez de pedir aos jogadores para realizarem movimentos específicos num estúdio de gravação - tal como fizeram até aqui. Esta captura de movimento foi então combinada com o Machine Learning, um sistema IA que utiliza dados de partidas reais para prever os movimentos e ações dos jogadores.

E porque se trata de uma novidade exclusiva às novas consolas? De acordo com Sam Rivera, a EA já tinha testado os limites de hardware da geração passada, o que dificultou a implementação destes sistemas nas consolas de quase oito anos. O CPU mais rápido, SSD, e o RAM disponível, permitiram à EA implementar finalmente o HyperMotion, algo que têm vindo a trabalhar há vários anos. No que toca à geração passada, bem, a EA não quer aumentar os requisitos mínimos da versão PC para já, algo que teriam de fazer se quisessem implementar o HyperMotion.

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Mas o que significa isto? Bem, a EA diz que é a "maior revitalização às animações" que eles alguma vez fizeram num jogo FIFA, com mais de 4 mil animações a serem adicionadas ao jogo. O Machine Learning estuda todos os frames dessas animações e tenta criar animações em tempo real em contexto com a bola, o que significa que os jogadores deverão agora reagir realisticamente a cada receção, passe, remate, etc.

Os jogadores reagem melhor ao contacto físico, especialmente quando lutam por uma bola no ar, caindo em cima uns dos outros, empurrando, colocando o braço para afastar o adversário, e outros movimentos semelhantes. A receção da bola também foi melhorada, com o jogo a utilizar animações mais longas com mais de dois toques na bola (como pará-la com o peito e controlá-la com o pé assim que cai). No passado, a EA preferiu usar animações curtas para fazer transições mais suaves entre animações, mas confirma que agora conseguem fazer o mesmo (e fazer a transição entre animações em tempo real, se for necessário) com animações mais longas nas novas consolas.

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A IA foi, no geral, melhorada, com o jogo a ser capaz de processar um número considerável de comportamentos em tempo real. O comportamento defensivo foi completamente refeito e ambas as equipas cobrem diferentes zonas em tempo real. A EA mostrou-nos um clip de comparação entre o jogo anterior e a nova versão, e na mais recente, os jogadores movem-se muito mais como uma unidade, correndo para cima e para baixo, da esquerda para a direita e vice-versa.

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Por fim, a EA injetou uma maior "personalidade" nas animações através do HyperMotion e os jogadores podem suar, apontar e até falar com os oponentes e colegas de equipa enquanto a partida decorre em tempo real.

Mas como irão estas novidades afetar o jogo? Bem, de várias formas. As novas animações, especialmente quando controlamos a bola ou lutamos por um passe aéreo, são definitivamente melhores. No entanto, ainda existem alguns "soluços" provocados pelo drible e a proteção de bola, com os jogadores a rodarem rapidamente e de forma irrealista em torno de si. A bola ainda passa pelos pés dos jogadores e continua tão imprevisível como no passado. Ficámos muito desapontados ao percebermos que estes problemas, apesar das melhorias nas animações, continuam presentes no jogo.

Também sentimos que os jogadores continuam a fazer um péssimo trabalho na proteção da bola e na localização dos adversários, mesmo que agora se movam mais como uma unidade. Como em FIFA 21, é muito fácil jogar em contra-ataque, com os defesas a serem incapazes de parar ataques isolados, culminando em partidas de goleadas. A IA, pelo menos em Legendary, consegue passar a bola rapidamente, em um ou dois segundos e com uma enorme precisão, incluindo passes aéreos. Isto dificulta a defesa nas linhas de passes, pois os nossos jogadores são incapazes de correr tão depressa.

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As novidades em ambas as versões

Com o HyperMotion apenas disponível nas versões PS5 e Xbox Series X|S, existem outras funcionalidades que estarão disponíveis em todas as versões, como a revitalização dos guarda-redes. "Nós ouvimos o vosso feedback", disse Sam Rivera, e a EA decidiu implementar um novo sistema que adiciona três novos pilares aos guarda-redes: "defesas mais seguras, maior personalidade, e animações refeitas".

Pelo que pudemos ver na versão beta, os guarda-redes estão definitivamente melhores, e têm novas animações. Gostámos particularmente do facto de conseguirem parar uma bola forte ao deixarem-na cair à sua frente, reagindo rapidamente para a apanharem antes que outro jogador se aproxime. Tivemos uma partida intensa contra Gianluigi Donnarumma, onde o guarda-redes italiano conseguiu defender tudo. Lá conseguimos marcar dois golos, mas se não fosse Donnarumma, a diferença tinha sido muito maior a nosso favor.

A EA também destacou o novo sistema de física para a bola, que utiliza novos detalhes para que se comporte de uma forma mais realista. Até pode ser verdade, mas nós não sentimos a diferença enquanto jogávamos. Reparámos, no entanto, no "Explosive Sprint", um novo tipo de aceleração para jogadores mais "intensos", que lhes permite acelerar muito mais rapidamente e atingirem a sua velocidade máxima em pouco segundos. Os outros jogadores conseguirão alcançá-los com o tempo, já que também ganham velocidade enquanto correm, mas estes segundos iniciais fazem toda a diferença quando estamos a contra-atacar. Para compensar, se correrem contra um defesa na velocidade máxima irão perceber a bola mais facilmente.

As táticas também receberam melhorias e agora podem criar duas ofensivas diferentes - uma para quando têm a bola do vosso lado e outra para quando o adversário tem a bola. Por exemplo, vocês podem usar um estilo de bola parada quando a bola está com os vossos defesas, mas aumentar o ritmo de jogo quando passam para o campo adversário. Isto é uma mecânica pensada para os jogadores experientes, tais como os novos truques, que agora podemos utilizar quando recebemos a bola. Os jogadores mais curiosos também podem aceder a uma lista de atributos mais extensa, onde podem verificar os remates, passes, quem teve mais posse de bola - e em que zonas do campo -, e outras informações semelhantes.

Por fim, a EA também implementou novas cutscenes para os dias de partida, e outros detalhes, como os regadores, os jogadores a entrarem casualmente ou a segurarem as mãos das crianças. As proporções corporais dos jogadores também foram revistas (Lukaku agora parece-se mesmo como um "tanque"), como os penteados e tatuagens, atualizados desde a edição do ano passado, e ainda novas animações para a plateia. Os comentários em inglês contam com novas falas de Stewart Robson e Alex Scott. Na geração atual, a rede da baliza reagirá de forma realista ao impacto da bola.

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Depois dos 90: Empate e Prolongamento

Apesar de termos apreciado algumas das novidades, e existem de facto algumas melhorias importantes, é difícil de perceber como as versões da geração passada se comportam, pois, só tivemos acesso à versão PS5, mas não ficámos satisfeitos com a jogabilidade em geral. A disputa de bola está melhor, mas a IA agora não recupera apenas a bola, tenta driblar e utilizar uma linha de passe horrível que culmina numa experiência de defesa insatisfatória e até frustrante - e, em simultâneo, acaba por facilitar o contra-ataque e a marcação de golos. Também sentimos que os passes estão piores, e isso já diz muito quando já não gostávamos do sistema em FIFA 21. A IA não considera a direção do passe e tenta passar para o jogador mais próximo, e até os passes longos (quando ficamos a segurar no botão) já não funcionam tão bem como antigamente. Experimentámos alterar as opções de assistido para manual e semi, mas manteve-se insatisfatório. É uma pena, considerando que funcionavam nos jogos mais antigos.

Saímos de FIFA 22 com algumas dúvidas, uma espécie de empate entre as novas mecânicas que apreciámos, e os velhos - e novos - problemas que ainda se fazem sentir na série. Não é a experiência de futebol divertida que procurávamos, mas ainda estamos a meses do seu lançamento, o que significa que a EA Sports tem o "prolongamento" para fazer melhorias, dar a volta aos problemas do jogo, e equilibrar a jogabilidade. Apenas o tempo dirá se eles conseguirão marcar o golo da vitória e evitar a fase de penáltis.

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