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Divinity: Original Sin

Divinity: Original Sin

Tardou, mas aqui está a nossa análise a este excelente RPG clássico.

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Sabemos que Divinity: Original Sin é tudo menos um jogo recente - a versão digital foi lançada a 30 de junho de 2014 -, mas era uma análise que há muito estava prometida e que só agora conseguimos prometer. Antes tarde, que nunca, certo? Divinity: Original Sin é um RPG clássico, que segue os passos de grandes nomes do género como Baldur's Gate e Icewind Dale, mas tenta adaptar essa fórmula antiga a uma estrutura moderna. E consegue-o, em parte.

Este é o tipo de RPG que gosta de levar o seu tempo, que não procura oferecer uma experiência frenética ou histórias lineares. Em vez disso, é um jogo que se importa realmente com as suas origens RPG, abrindo uma janela para um mundo de fantasia riquíssimo, onde as decisões dos jogadores são relevantes. Divinity é o tipo de jogo que está constantemente a pedir a opinião do jogador, e depois mostra sem piedade as consequências dessas decisões. E não estamos a falar somente da narrativa, mas também das escolhas que estão ligadas ao sofisticado sistema de combate criado pela Larian Studios. É um jogo que procura abordar todas as possibilidades lógicas e credíveis que um mundo de fantasia pode oferecer.

Divinity: Original SinDivinity: Original Sin

Quando afirmamos que Divinity tem muito cuidado com a lógica e o pormenor que emprega no mundo de jogo, estamos a falar de elementos que outros jogos normalmente não consideram. Noutros jogos podem aceitar algumas particularidades pouco lógicas, como os corpos dos inimigos que desaparecem depois da batalhas, ou as espadas que os lobos deixam como espólios, porque são na verdade mecanismos que facilitam a experiência, mesmo que não façam sentido num contexto realista. Mas Divinity não quer nada disso, e o jogo está recheado de pormenores que obrigam a abordar o combate de uma forma mais atenta.

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Um exemplo: uma área pode começar a arder, separando-vos dos inimigos, e se tentarem passar vão começar a arder. Para prosseguirem, podem pedir ao mago que invoque uma chuva, mas o que aconteceria se fizessem isso na vida real? O fogo intenso daria lugar a uma névoa de fumo, e é isso que acontece em Divinity. Esse fumo pode depois ser aproveitado pelos oponentes, ou pelo jogador, para tentar escapar ou realizar uma emboscada. Imaginemos agora que a chuva atingiu também os inimigos. Podem aproveitar para lançar um feitiço de eletricidade, que iria paralisar instantaneamente e danificar seriamente os oponentes. Poucos jogos têm uma atenção ao detalhe como Divinity: Original Sin.

O jogo está recheado de decisões ou circunstâncias semelhantes. As nuvens de veneno são normalmente usadas para abrandar ou desorientar os inimigos, mas se mudarem alguns ingredientes, podem usá-las para curar todo o grupo. Este gás é no entanto inflamável, e pode ser aproveitado pelos inimigos para causar uma enorme explosão. Também podem entornar óleo pelo chão, causando a queda de inimigos. Depois basta atear fogo para provocarem danos massivos. Este tipo de ações também servem para moldar o campo de batalha, já que os inimigos não vão caminhar voluntariamente para cima de óleo ou fogo - assim podem usar esta tática para guiá-los todos para um local concentrado, permitindo um ataque esmagador.

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Divinity não se limita à utilização do feitiço certo no momento certo. É preciso ler o campo de batalha, calcular as distâncias e perceber o que o inimigo consegue fazer. Têm de testar a inteligência artificial, para perceberem as suas forças e fraquezas. O que ao início pode parecer uma batalha quase impossível, pode rapidamente ficar mais fácil se conseguirem adaptar o plano de batalha.

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Dito isto, as teclas F5 e F8 regressam como os maiores aliados dos jogadores, com um sistema de saves e loads rápidos. Divnity é um jogo com um ritmo lento e metódico, com grande foco na exploração. Cada batalha pode exigir algo diferente do jogador e a atenção ao detalhe é crucial, mesmo fora do combate. Terão de conversar com personagens, tomar atenção aos eventos e tentar descobrir segredos.

Isto leva-nos ao que é um dos defeitos do jogo na nossa opinião, um sentimento excessivo de liberdade. As indicações por vezes são tão vagas, que nem sempre é fácil perceber o que é suposto fazer de seguida. Divinity: Original Sin é por vezes demasiado vago. Um pouco mais de foco e direção teria sido benéfico para a experiência geral.

Aparte dessa direção solta, consequência de uma abordagem livre e focada na exploração, Divinity: Original Sin é um RPG clássico de grande qualidade. Seja através de um puzzle complicado, conversas interessantes ou combates que vos vão obrigar a recarregar o último save, vão encontrar um desafio que é pouco comum nos dias de hoje. Original Sin é uma carta de amor para quem apreciava os RPG de outrora e embora seja um jogo que exige muito do jogador, no fim acaba por dar muito mais do que pede.

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Divinity: Original SinDivinity: Original Sin
08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Consequências para as decisões dos jogadores, dentro e fora do combate. É uma aventura bastante longa.
-
Por vezes é demasiado vago e perde o foco.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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