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Death Stranding

Death Stranding (PC)

O mais recente projeto de Hideo Kojima deixa a PS4 para se aventurar pelo PC.

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Death Stranding continua a ser um jogo destinado a dividir opiniões. Se uns elogiam a criatividade de Hideo Kojima, outros criticam a jogabilidade e a falta de variedade do seu mais recente projeto. Ambos os lados estão, não fosse esta uma produção de Kojima, corretos. Aplausos, críticas, gritos e elogios: assim se divide a comunidade. Se quiserem saber mais sobre a sua estreia no final de 2019, podem ler a nossa análise à versão PS4 antes de nos debruçarmos sobre a versão PC. Preparados? Boa.

Death Stranding chegou finalmente ao PC, naquela que é uma união de sonho, já que partilha algum do ADN dos jogos de simulação, um género que prospera na plataforma. De facto, se tivesse de resumir o jogo de forma sucinta, descreveria-o como um grande número de missões de recolha e entrega de encomendas com um toque de simulação, apoiada por uma narrativa forte e estranha que desafia a vossa imaginação.

Vocês são Sam Porter Bridges, um lendário estafeta que atravessa o que resta dos Estados Unidos da América, entregando pacotes numa tentativa de ligar as réstias de uma civilização destruída. Este cenário pós-apocalíptico é o resultado de um evento intitulado Death Stranding, que não só deu origem aos campos áridos que Sam é obrigado a percorrer, como trouxe consigo monstros conhecidos como BTs (Beached Things). Estas entidades são almas encalhadas que atacam os sobreviventes, presos à sua vida passada.

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Death Stranding

Não vou, no entanto, focar-me na história, pois já falámos anteriormente sobre ela. Não, hoje estamos aqui para verificar se Death Stranding corre no PC. E a resposta simples é: sim, especialmente se tiverem um PC capaz de aproveitar todos os benefícios deste port. No PC, o jogo já conta com o modo de fotografia e o suporte para monitores ultrawide, com o suporte de DLSS 2.0 a oferecer uma melhoria notável no desempenho, correndo perfeitamente até numa maior resolução.

Além disso, os jogadores de PC também recebem os conteúdos ligados à Valve, nomeadamente companion cubes de Portal, agora espalhados pelo mapa. Ao completar estas missões adicionais, recebem itens únicos como um Headcrab em formato de chapéu e um par de óculos muito parecidos aos de Freeman (Half-Life). Um toque agradável, mas não o suficiente para tornarem esta versão obrigatória.

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Death Stranding é um jogo estranho e provavelmente não é para todos, mas devo dizer que como fã de jogos de ficção científica e simulação, adorei tudo o que tinha para me oferecer. As texturas e o mundo devastado pelo apocalipse são de cortar a respiração. Parei várias vezes para literalmente olhar à minha volta e absorver os cenários desolados deste futuro apocalíptico. Ao ficar parado por algum tempo, o próprio Sam ficou sentado e adormeceu enquanto esperava que eu terminasse o meu momento contemplativo. Os detalhes intrincados que se encontram nas várias texturas foram alguns dos mais impressionantes que já vi num videojogo.

A beleza foi uma boa motivação, pois o ritmo parecia ser um pouco lento no início e, como disse antes, muito próximo dos jogos de simulação. É necessário usar os dois botões do rato se Sam começar a desequilibrar-se, influenciado pelo peso das mochilas nas costas e pelo próprio terreno, sem mencionar, claro, a água. Quando estão a carregar uma personagem durante o início do jogo (não vamos estragar quem é e o porquê de a transportarem), se entrarem na água, num dos rios espalhados pelo mapa, podem perder o equilíbrio e ficar a boiar ao ritmo da corrente.

O nível de detalhe em relação às mecânicas de transporte e movimento foram intimidantes durante as primeiras horas, mas o uso do rato e do teclado funcionou muito bem e rapidamente senti-me confortável ao jogar esta versão PC. Dito isto, devo dizer que se nota que Death Stranding foi desenvolvido primeiramente para as consolas e que o uso de comandos continua a ser o método de controlos preferencial.

De seguida, quero mencionar a interpretação dos atores. Sam é interpretado por Norman Reedus, conhecido pelo seu papel como Daryl, em The Walking Dead da AMC. Norman interpreta muito bem a figura sombria e distante de Sam, com os gráficos e as animações a sublinharem o trabalho dos atores. Não é muito realista, mas também não está longe. Até os detalhes da barba de Sam incríveis - podem ver todos os cabelos. O mesmo pode ser dito do elenco secundário. Desde cedo, são apresentados a Deadman, que usa as feições de Guillermo Del Torro. Quando uma personagem faz a sua primeira aparição, os seus nomes e os nomes dos atores surgem no ecrã, tal como num filme.

Death Stranding

Death Stranding é obviamente um projeto importante para Kojima. Depois de deixar a Konami, os fãs de Metal Gear estavam ansiosos para ver o que o mestre poderia inventar a seguir. Kojima não dececionou em Death Stranding, mas tenho de reforçar que custa a entrar no seu universo surreal. É lento, muito focado na narrativa e é bastante confuso durante as primeiras horas, ao ponto de ter demorado a perceber se estava ou não a gostar da experiência. Claro, é visualmente marcante e tem uma banda sonora fantástica, as atuações são incríveis, mas as mecânicas demoram algum tempo a tornarem-se intuitivas. A história também é bastante arrojada, e os que jogaram Metal Gear saberão que Kojima adora atirar momentos bizarros a qualquer momento, e Death Stranding está cheio deles. A franquia Metal Gear levou anos a construir-se e a chegar ao seu nível narrativo atual, mas Death Stranding não tem problemas em colocar-vos no meio da ação, sem preparação para o que irão ver, e espera que percebam tudo o que estão a absorver.

De certa forma, parece que estamos perante algo produzido em Hollywood. A história está vinculada a um mundo com o qual são obrigados a interagir, mesmo que seja estranho. É tudo um pouco intimidante no início; BTs invisíveis que atacam os vivos e estão cheios de antimatéria, bebés em frascos que choram quando os BTs estão próximos, e uma personagem que renasce com um bebé na garganta. Se não tiverem uma vaga noção das temáticas do jogo, esta última frase deverá ser desconcertante. No entanto, quero concluir que esta é uma experiência, muito surreal, que merece ser descoberta mesmo com o seu início mais intimidante.

No geral, gostei muito de Death Stranding. É lento no início, mas adorei as mecânicas em torno das minhas demandas apocalípticas pelas terras desoladas do futuro. Se estão à procura de um jogo focado na narrativa que surpreenda a nível visual, e têm um PC suficientemente poderoso para o correr, ou se gostam apenas da experiência de simulação que o jogo transmite e procuram algo diferente, Death Stranding merece a vossa atenção.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
overall score
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