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Gears Tactics

Gears Tactics

Depois de Halo, é a vez de Gears of War ser adaptado a um género de estratégia.

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Gears Tactics

Quando Gears Tactics foi anunciado, lembrámos-nos de imediato de Xcom, um jogo de ação tática por esquadrões com perspetiva isométrica, jogabilidade por turnos, e sistema de coberturas. Pareceu-nos uma forma interessante de explorar o universo de Gears of War, e se tivesse sido um clone de Xcom, já teríamos ficado satisfeitos.

Mas é mais que isso.

A Splash Damage não se limitou a aplicar uma fórmula conhecida, preferindo antes criar algo que é muito único a este jogo, e que no fim das contas, oferece uma série de oportunidades táticas bastante peculiares. Por exemplo, não existe realmente um sistema de grelhas, o que significa que existe maior liberdade de movimento, e tem três ações que cada personagem pode executar por turno. Quer gastar as três ações a disparar ao inimigo? Pode fazê-lo. Prefere poupá-las para o turno do inimigo através da opções Overwatch? Também o pode fazer, colocando um "cone" de visão em frente da personagem, que irá reagir sempre que um inimigo pisar nesse cone de visão.

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Não espere, contudo, que o inimigo corra feliz da vida para a sua área de Overwatch, porque irá reagir às suas táticas. Até pode criar a sua própria zona de Overwatch para proteger certas áreas, obrigando-o a pensar em caminhos e estratégias alternativas. Por exemplo, existe um portão a bloquear o caminho? É possível que o inimigo coloque três unidades em Overwatch a vigiar o portão, e tentar atravessá-lo seria suicídio. Então o que pode fazer? Bem, uma granada bem colocada é uma boa forma de interromper o Overwatch. Em alternativa também pode usar os disparos Disabling Shot e - mais tarde - Intimidate. Talvez exista uma forma de os flanquear? Pode explorar várias hipóteses.

Gears Tactics é um jogo que o obriga a agir com cuidado, já que emprega a velha mecânica de nevoeiro de guerra. O que isto significa é que pode ver o mapa, mas não consegue ver os inimigos que não conseguiria ver normalmente, e isso pode levar a encontros desagradáveis e inesperados se não tiver cuidado. É um tipo de design que nos agrada em termos gerais, mas que falha em certas secções.

Por vezes existem momentos em que o jogo atira inimigos novos para o mapa já em andamento, e isso poder acontecer numa área ou momento em que está em clara desvantagem. É um problema, porque em algumas dessas situações acabámos por ser surpreendidos e eliminados, não necessariamente devido a más táticas ou a erros da nossa parte, mas simplesmente por má sorte, porque os inimigos apareceram em momentos em que fomos apanhados desprevenidos. Pode dizer-se que isso faz parte do desafio, mas pareceu-nos demasiado fora do nosso controlo.

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Quando funciona, contudo, este estilo de design permite criar algumas batalhas realmente entusiasmantes, em que um esquadrão que já perdeu elementos, consegue mesmo assim enfrentar uma horda de Wretchers e sobreviver apesar das desvantagens.

Gears Tactics inclui também um sistema de loot, que lhe permite apanhar armas, peças de armadura, e acessórios, que podem ser úteis durante a missão. Por vezes compensa explorar uma área fora do caminho para encontrar uma arma poderosa, mas isso acarta consigo alguns perigos, já que pode cair numa emboscada ou perder tempo a vasculhar. Gerir a exploração do mapa e o tempo necessário para cumprir algumas das missões, é por vezes o seu próprio desafio.

Existe também um elemento de jogabilidade entre missões, onde pode curar e gerir os seus soldados. As suas unidades estão divididas em cinco classes, cada uma com o seu próprio papel a cumprir durante o combate. Algumas destas unidades são também personagens que pode reconhecer do universo de Gears of War, como Gabe Diaz, pai de Kait. Nestes momentos entre batalhas pode criar combinações de equipamento para cada personagem, ajustar o seu visual, e evoluí-las através de um sistema de árvore de habilidades.

A jogabilidade é naturalmente central para a experiência de Gears Tactics, mas a história também tem o seu papel a desempenhar. A ação passa-se doze anos antes do início do primeiro Gears of War, não depois do mundo ter sido devastado pelos Locust, mas em pleno conflito pela sobrevivência. Gabe Diaz, que é um tipo às direitas, é enviado numa missão com o bem mais arrogante (e interessante) Sid Redburn.

O objetivo do duo passa por destruir Ukkon, líder e cientista responsável pela criação de uma série de Locust que ficámos a conhecer ao longo da saga, como o Brumak e até o Corpser. A história surpreendeu-nos, porque tem algumas surpresas e reviravoltas interessantes, partilhadas com o jogador através de sequências cinemáticas de qualidade. Os mapas são também longos e desenhados com a história em mente, e tudo contribuiu para a narrativa.

Gears Tactics

Gears Tactics também apresenta um trabalho de qualidade ao nível do grafismo, o que já era de esperar, já que a série sempre foi conhecida pela elevada capacidade visual. Mesmo através desta perspetiva isométrica, o jogo consegue apresentar um grau de detalhe bastante interessante, ao ponto do estúdio se sentir suficientemente confiante para fazer zoom em momentos de maior intensidade ou violência, incluindo mortes com a moto-serra e até decapitações. Só o som é que não nos impressionou. Não é que seja mau, mas para o tipo de ação que está a acontecer no ecrã, esperávamos algo mais pujante.

Se é fã de Gears of War, vai encontrar muito para apreciar em Gears Tactics. Embora apresente uma abordagem completamente diferente, vai encontrar aqui vários dos elementos que marcaram a saga, como confrontos intensos de uma cobertura para a outra, buracos de Locust que tem de rebentar com uma granada, extrema violência física, e algumas monstruosidades para derrubar.

É preciso tirar o chapéu à Splash Damage, que fez mais do que copiar Xcom com uma pintura de Gears of War. Gears Tactics é um jogo genuinamente entusiasmante com boa profundidade tática, jogabilidade acessível, e ação intensa. A inteligência artificial pode ser algo previsível, e a secção de gestão das personagens podia ser melhor, mas no geral é um jogo de recomendação fácil, tanto para fãs de Xcom e semelhantes, como para quem segue Gears of War.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Interface eficaz. Batalhas intensas. Desafio (quase sempre) equilibrado. Grafismo apurado com boa optimização.
-
Processo de gestão das unidades podia ser mais interessante.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Jonas Mäki

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