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The Dark Pictures: Man of Medan

The Dark Pictures - Man of Medan

O primeiro jogo da antologia Dark Pictures tem vários defeitos, mas também algum valor.

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A Supermassive Games ganhou nome com Until Dawn, exclusivo PS4 de 2015. Com esse jogo o estúdio mostrou grande capacidade para criar personagens e diálogos credíveis, uma narrativa altamente moldável pelas decisões do jogador, e bom entendimento do género de terror. Depois de ter experimentado outros tipos de jogos, em particular de realidade virtual, a Supermassive Games decidiu regressar ao que aparentemente faz de melhor, e anunciou uma nova série de terror de antologia, The Dark Pictures. Man of Medan é o primeiro jogo dessa antologia.

O conceito é muito semelhante ao de Until Dawn, colocando o jogador no controlo de cinco personagens diferentes, não numa cabana no meio de montanhas, mas no alto mar. Esse grupo de cinco decidiu embarcar numa viagem para explorar os destroços de um navio desconhecido, mas acabam por encontrar muitos mais sarilhos do que estavam à espera.

O elenco é menor que o de Until Dawn, mas cada personagem está bem desenvolvida. Conrad é o irmão descontraído de Julia, uma rapariga muito confiante, e ambos vêm de uma família com boas posses. Alex é um estudante de medicina e namorado de Julia, e fez-se acompanhar pelo irmão Brad, mais reservado e "geek". Para terminar o quinteto temos Fliss, o teimoso capitão do navio Duke of Milan.

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A experiência de jogo é muito semelhante à de Until Dawn, ou seja, não esperem grandes momentos de ação. Em vez disso vão fazer escolhas em diálogos, explorar e interagir com o cenário, e ultrapassar algumas sequências mais intensas através de Quick Time Events. Até existe uma mecânica que obriga a carregar os botões de acordo com o batimento cardíaco, de forma a manter a personagem calma.

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Until Dawn tinha objetos que davam visões possíveis do futuro ao jogador, e Man of Medan utiliza algo parecido na forma de fotografias. Existem várias destas fotos para descobrir no jogo, juntamente com outros segredos, e juntos ajudam a compor a história maior do jogo. Quanto a essa história propriamente dita, não podemos dizer muito mais do que já dissemos, mas podemos dizer que gostámos da maior parte. É uma mistura de sobrenatural com ameaças mais terra-a-terra, que em conjunto conseguem manter a experiência sempre tensa.

Essa narrativa é altamente moldável pelas ações e decisões do jogador, com consequências graves e permanentes. Qualquer personagem pode morrer durante a aventura, e uma delas até pode morrer logo na primeira hora de jogo. Isto significa que dois jogadores podem ter experiências completamente diferentes, dependendo de quem vive e morre. Um pormenor interessante é o menu que revela o tipo de relação entre personagens, e de que forma as ações do jogador podem ter melhorado ou piorado essa relação.

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Existe uma outra personagem, o Curador, de que ainda não falámos. O seu papel é semelhante ao de Dr. Hill em Until Dawn, consultado o próprio jogador em determinados intervalos do jogo. É uma abordagem interessante, e acreditamos que Dr. Hill será ser um dos pontos comuns aos jogos da antologia, já que não tem uma ligação direta às personagens ou até à história.

Man of Medan é uma espécie de misto entre jogo e filme, e por vezes parece mesmo uma grande produção cinematográfica, dada a qualidade do trabalho com as câmaras. A perspetiva do jogador é sempre fixa, mostrando ângulos diferentes dependendo de onde o jogador está na sala. Isto permite ao jogo focar pormenores específicos que de outra forma podiam passar despercebidos ao jogador, como algo que possa acontecer no fundo sem ser presenciado pelas personagens. Cada ângulo tem um propósito e funciona para acrescentar atmosfera e qualidade cinematográfica ao jogo.

Essa atmosfera opressiva e tensa não funciona apenas por causa dos ângulos de câmara, mas também porque o cenário é altamente detalhado e beneficia de excelente iluminação. Os dois juntos - ângulos fixos e boa iluminação - permitem a criação de alguns sustos valentes. Alguns jogadores não apreciam sustos, preferem terror psicológico, mas Man of Medan acaba por ter ambos. Parece-nos que é um equilíbrio eficaz, tal como o estúdio já tinha conseguido com Until Dawn.

Como deve ter percebido, Man of Medan partilha várias características com Until Dawn, mas existe uma grande diferença - a introdução de multiplayer. Existem duas variantes, Shared Stories que é uma experiência online, e Movie Night, que é a variante local.

Em Shared Stories vai partilhar o jogo com um amigo através de ligação online, cada um controlado o seu canto da jogabilidade. Isto significa que está a tomar decisões e a controlar personagens enquanto o outro jogador faz o mesmo, o que aumenta ainda mais a imprevisibilidade da história. Gostámos de jogar Man of Medan sozinhos, mas esta opção é uma excelente alternativa se quiserem partilhar a experiência.

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Quanto a Movie Night, foi desenhado para jogabilidade na sala de esta, e permite que até cinco jogadores partilham da experiência. A ideia é que cada jogador assume o comando de uma personagem específica, e o comando vai para essa pessoa sempre que a sua personagem está jogável. É uma forma engraçada de passar pelo jogo, seja com um grupo de amigos, ou com apenas outro jogador, como o/a companheiro/a ou filhos.

Tudo isto é muito bonito, e até agora só temos tido elogios para Man of Medan, mas infelizmente também temos várias queixas para partilhar consigo, sobretudo a nível técnico. A versão que jogámos, enviada pela própria Bandai Namco para análise, apresentou severos problemas de framerate, paragens, sincronização dos lábios, loadings excessivos, e outras falhas semelhantes. Por outras palavras, a versão de Man of Medan que jogámos tinha sérios problemas de optimização.

Já perto do final do embargo para a publicação da análise, fomos informámos de que o Patch 1.09 iria resolver alguns destes problemas que mencionámos. Infelizmente não tivemos oportunidade de o testar, mas fica o desejo de que tenha realmente melhorado a experiência.

Infelizmente estamos numa posição ingrata, porque o jogo que testámos - e mais uma vez lembramos, enviado pela própria Bandai Namco - tinha de facto muitos problemas técnicos que prejudicaram a experiência de jogo e quebraram a imersão, um pecado para um jogo tão cinemático. Dito isto, convém também deixar bem claro que gostámos mais de Until Dawn do que de Man of Medan, mesmo colocando os problemas técnicos à parte, até porque uma história de quatro a cinco horas soube-nos a pouco. Ainda assim, existe qualidade em Man of Medan, e se gostaram de Until Dawn, vale a pena considerá-lo. Mais, deixou-nos com boas esperanças para esta série de antologia de The Dark Pictures.

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07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Narrativa com muitas decisões e consequências reais. Está cheio de segredos. Mundo altamente detalhado e atmosférico. Personagens convincentes.
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Muitos problemas técnicos. Animações faciais nem sempre resultam bem. Vários ecrãs de loading.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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