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Underworld Ascendant

Underworld Ascendant

Parecia ter potencial, mas o resultado final ficou muito aquém do esperado.

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Se conhecem o legado da história dos videojogos, sabem que em tempos os nomes de Warren Spector e Paul Neurath foram importantes para a indústria. Normalmente não mencionamos produtores pelo nome, mas neste caso, é relevante. Underworld Ascendant é o regresso do duo enquanto produtores de um videojogo, em conjunto com a OtherSide Entertainment. Foram os seus nomes que ajudaram o projeto a conseguir financiamento no Kickstarter, e como tal existia alguma espetativa para o jogo, sobretudo porque se trata de uma sequela indireta para Ultima Underworld 2.

Infelizmente, Underworld Ascendant não correspondeu às expetativas, pelo contrário, ficou muito aquém. Se uma abordagem inicial deixou boas impressões, o que descobrimos ao longo de várias horas com esta versão final foi uma autêntica desilusão. A ideia, o conceito, por trás de Underworld Ascendant é que o jogador deve pensar por si próprio. Em termos práticos isso traduz-se numa aventura na primeira pessoa, que utiliza um sistema de física em tempo real para governar a jogabilidade.

O jogo foi construído de forma a motivar repetição, já que os níveis são reorganizados de forma automática sempre que recomeçam. Objetivos, salas, e inimigos, mudam de sítio, mas o cenário em si mantém-se idêntico, o que acaba por causar grande fadiga em pouco tempo. À medida que avançam pelos níveis, serão incentivados a resolver puzzles, o que na prática parece interessante. O problema é que, depois de resolverem um puzzle, sempre que os voltarem a encontrar ao recomeçarem um nível, já vão saber a resposta. Ou seja, os puzzles acabam por atrasar imenso o ritmo de jogo, já que depois da primeira vez, passam a ser obstáculos sem propósito.

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A maioria dos puzzles serve-se do sistema de física, que supostamente serviria para facilitar pensamento criativo, mas o que encontrámos foi um sistema inconsistente, cheio de bugs e problemas técnicos. O jogo está, aliás, repleto de falhas deste tipo, mas não é o único problema.

O jogador terá acesso a habilidade de combate, ação furtiva, e magia, e podem evoluir cada uma destas três áreas. Existe grande profundidade ao nível do progresso da personagem, mas chegar aos patamares mais interessantes requer muito esforço, e não nos parece que a maioria esteja disposta a dar tanto tempo a Underworld Ascendant. O jogo promove o poder de escolha, mas isso só é realmente verdade passado algum tempo. Teria sido agradável ter mais alternativas nas primeiras horas de jogo.

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O sistema de save é muito peculiar, no sentido em que devem plantar uma semente que depois irá funcionar de âncora sempre que morrerem e recomeçarem a aventura. Underworld Ascendant não é, contudo, um roguelike. Depois de morto, um inimigo não volta a aparecer quando morrem, o que pelo menos facilita a navegação dos níveis. Na verdade, os níveis só irão realmente reiniciar completamente depois de os terminarem. Este inimigos são governados por uma péssima inteligência artificial, com sérios problemas de leitura dos níveis. Em várias ocasiões encontrámos os inimigos a embaterem contra paredes e obstáculos, e é fácil explorar as suas dificuldades para os atrair para um abismo ou matá-los à distância - se as flechas decidirem funcionar.

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O que é curioso em relação a Underworld Ascendant é que a primeira área de jogo, a que jogámos em eventos, está bastante polida, sobretudo comparando com o resto do jogo. É só depois, com o passar dos níveis, que Underworld Ascendant começa a revelar os seus vários problemas. Em algumas ocasiões, por exemplo, as flechas simplesmente não embatiam nos inimigos, não tinham qualquer efeito, o que foi naturalmente aborrecido, sobretudo porque estávamos a tentar uma abordagem mais furtiva. Até as setas de água, que permitem apagar velas à distância, sofreram do mesmo problema. Assim, sem outra hipótese, tentámos uma abordagem mais agressiva, e varremos o chão com os inimigos. A inteligência artificial medíocre simplesmente não conseguiu acompanhar a nossa jogabilidade.

O jogo apenas causa problemas quando atira grandes números de inimigos ao jogador, sobretudo porque os golpes com armas físicas causam pouco dano. A jogabilidade com espadas é simples e funciona bem, e até acabou por proporcionar alguns dos melhores momentos com o jogo. Isto até percebermos que acaba por ser mais fácil correr por eles e usar o cenário para nossa vantagem, tudo porque a IA tem os problemas que já referimos. Uma maior variedade de inimigos teria ajudado ao combate, mas até nesse aspeto o jogo desiludiu.

Depois de terminarem um nível, vão regressar ao mundo central que liga todos os níveis (lembra-nos do Demon's Souls original). Quanto estão nesta área, podem evoluir a personagem, vender loot, talvez receber uma recompensa pelos vossos esforços, e partir para nova missão. Nesta área também podem interagir com uma raça de homens-lagarto, que gesticulam freneticamente sem grande nexo, e na maioria das ocasiões, o que têm a dizer é sem qualquer contexto. De forma geral, o vosso objetivo é o de unir três fações, completando missões para cada uma. Existe ainda uma quarta fação de demónios, governada por Typhon.

Typhon tem por hábito comunicar com o jogador no início de cada missão, mas a história acaba por não ter qualquer impacto, nem acrescenta muito à experiência de jogo. A física inconstante, os problemas de IA, os cenários repetitivos, e o mar de bugs que encontrámos, também não ajudaram a manter o interesse no que se passava, já que a imersão era constantemente quebrada. A certo ponto cansámos-nos de estar a lutar repetidamente com o jogo, não porque tinha sido desenhado dessa forma, mas porque não está num estado digno de lançamento.

A última vez que jogámos Underworld Ascendant, isto aconteceu: primeiro ficámos presos atrás de uma árvore a caminho da saída, o que nos obrigou a recomeçar o nível; depois disso, voltámos a tentar encontrar o objetivo, mas enquanto nos esgueirávamos para surpreender o alvo, caímos numa cave de onde não era possível sair por erro do jogo. Ou seja, a solução passava por recomeçar o nível outra vez, ou simplesmente desistir de Underworld Ascendant. Já devem ter percebido qual foi a nossa escolha.

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03 Gamereactor Portugal
3 / 10
+
Tem algumas ideias interessantes.
-
Está cheio de erros e parece inacabado. É fácil tirar proveito dos sistemas de jogo. Física inconsistente. Inteligência artificial péssima.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Mike Holmes

Parecia ter potencial, mas o resultado final ficou muito aquém do esperado.



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