Tekken 7

Não tínhamos dúvidas sobre o que iríamos fazer primeiro em Tekken 7 - diretos ao modo Arcade para experimentar Akuma, o 'intruso' de Street Fighter. Para alguém que cresceu a jogar as duas séries, não deixou de ser curioso perceber como se comporta uma personagem de Street Fighter na jogabilidade de Tekken, e ficámos impressionados com o resultado. Akuma comporta-se exatamente como esperaríamos, mas dentro do universo de Tekken, e inclui todos os seus movimentos clássicos. Até vem com o seu próprio medidor EX, que lhe permite executar ataques mais poderosos.

Mais importante ainda, foi o tipo de impressão que Tekken 7 nos transmitiu. De imediato nos pareceu bastante fluído, com uma velocidade de movimentos que é já característica da série. A jogabilidade deixou logo excelente impressão, tal como o grafismo, muito superior ao que vimos do último jogo da saga, Tekken Tag Tournament 2, há quase meia década.

Um elemento cada vez mais essencial nos jogos de luta são os tutoriais, ou a forma como o jogo ensinas as bases ao jogador. Tekken 7 consegue isso de forma impressionante, instruindo o jogador através de tarefas eficazes e divertidas, mas existem muitos mais modos para explorar. O modo de estória permite enfrentar o elenco de Tekken 7, e também uma série de inimigos menores que servem como carne para canhão. A estória não é brilhante, pelo contrário, está cheia de 'buracos' e linhas de diálogo terríveis, mas pelo menos a Namco Bandai parece consciente disso. É tudo muito ridículo e exagerado, mas em última análise acaba por ser divertido. As sequências de vídeo são visualmente apelativas (embora por vezes excessivamente longas), e se são fãs da saga e destas personagens, há muito que apreciar.

O modo estória de um jogo de luta começa a ser cada vez mais importante, mas o que realmente conta são os combates. Online, offline, ou contra a inteligência artificial, tudo se resume ao que se passa dentro das arenas. Uma das maiores novidades em termos de mecânicas é o Rage Art, um ataque poderoso que podem usar quando estão perto da derrota. Não vos irá salvar ou garantir a vitória, mas é um movimento que pode ajudar-vos a darem a volta ao combate. Gostámos bastante deste "último grito" que os jogadores pode usar, uma última tentativa de salvarem o combate.

Estes Rage Art pode ser usados com facilidade quando têm pouca energia, mas também podem ser facilmente bloqueados. Para os usarem eficazmente convém aproveitar uma combinação de golpes para aumentarem as hipóteses de contacto. É em momentos como este que a experiência de um jogador pode fazer a diferença. Enquanto um novato vai provavelmente tentar ativar o Rage Art assim que perceber que está prestes a perder, um jogador experiente vai esperar pelo momento certo. E convém ainda referir que estes ataques são normalmente espetaculares.

Para o jogador mais avançado existe uma nova técnica para dominar, Power Crush. É um contra-ataque que permite absorver ataques médios ou altos, interrompendo um possível combo adversário. O Power Crush requer um timing exigente, e não protege contra ataques rasteiros, logo é provável que seja algo que os jogadores mais casuais não vão tentar dominar. No caso de falharem no timing, vão ficar completamente abertos à resposta do oponente.

Supomos que existem muitos jogadores nas mesmas circunstâncias que nós, jogadores que jogaram todos os Tekken, mas sem nunca se dedicarem a fundo o suficiente para se tornarem "prós". Se é o caso, Tekken 7 vai ser como andar de bicicleta, e depois de alguns combates vão voltar a apanhar o ritmo e as particularidades da jogabilidade 3D. É um estilo de combate veloz, suave, que beneficia de vários melhoramentos. A Bandai Namco teve muito tempo para afinar a experiência de jogo, e isso nota-se. A familiaridade e o ADN de Tekken estão claramente aqui, mas existem melhorias e novidades suficientes para que pareça uma experiência nova - embora ainda uma experiência Tekken.

Outro aspeto familiar está, naturalmente, no elenco de personagens que vão encontrar. Dos 36 lutadores disponíveis, 20 são caras conhecidas dos jogos anteriores, e 10 são estreantes. Gostámos das novas personagens, que oferecem uma boa gama de estilos, seja pesado e poderoso, leve e veloz, ou equilibrado. Uma palavra também para as arenas, muito detalhas e variadas. Desde ambientes estilo jardim-infância, a ginásios, ou praças árabes, existe de tudo um pouco para visitar em Tekken 7.

Um ponto que nos desiludiu prende-se com o grafismo do jogo. Embora tenha bom aspeto, e beneficie de excelentes animações, Tekken 7 é ainda assim um jogo com mais de dois anos, lançado originalmente para as máquinas arcade japonesas. A sua idade nota-se um pouco nesse campo gráfico, com iluminação e texturas abaixo do que temos visto noutros jogos de luta.

Tekken 7 não é um portento técnico, mas tem boa direção artística, uma direção reforçada pelos fatos que podem equipar nas personagens. Podem usar chapéus e máscaras, maquilhagem especial, cortes de cabelo diferentes, e vários itens, mas tudo isto custa dinheiro de jogo que têm de ganhar. Também podem comprar caixas com "loot", tudo com efeitos cosméticos, mas aparentemente não podem usar dinheiro real, têm mesmo de desbloquear este conteúdo com horas de jogo.

Embora Injustice 2, acabadinho de sair, seja superior em alguns aspetos, Tekken 7 é também por direito próprio um fantástico jogo de luta. O sistema de combate é soberbo, apropriado para novatos e para veteranos, e a Bandai Namco conseguiu introduzir grande qualidade e profundidade aos modos de jogo. É uma excelente altura para ser fã de jogos de luta, e se preferem jogabilidade 3D, Tekken 7 é uma compra obrigatória.