Dragon Quest é uma das séries mais antigas e reconhecidas do género RPG, e o sétimo capítulo é um dos jogos mais adorados da saga, o que causa estranheza quando pensamos que o jogo nunca foi lançado na Europa. Dragon Quest VII foi lançado originalmente em 2001, mas só agora temos a oportunidade de o jogar por estas bandas, graças a um excelente trabalho de remasterização para a Nintendo 3DS. A nova versão, já disponível no Japão desde 2013, atualizou o grafismo do jogo, melhorou alguns elementos da jogabilidade, e alterou outros para o aproximar dos gostos contemporâneo. Agora, tantos anos e versões depois, podemos finalmente perceber se Dragon Quest VII ainda merece a nossa atenção.
Cumprindo com a tradição dos RPG japoneses, esta aventura garante dezenas de horas de jogo, e embora possa ser repetitivo, tenta combater essa repetição com algumas soluções elegantes. Por exemplo, os encontros aleatórios do jogo original foram substituídos por inimigos que surgem no mapa, o que permite ao jogador evitar batalhas se assim o desejar. Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past parece empurrar o jogador para continuar a sua aventura, em vez de o forçar a enfrentar lutas repetitivas para o simples propósito de acumular pontos de experiência. O tempo que demora a subir de nível foi significativamente reduzido desde a versão original, poupando o jogador a um grind repetitivo para melhorar as suas personagens. Isto retira algum desafio ao jogo, que iria agradar aos mais persistentes, mas acaba por tornar toda a experiência mais tolerável para quem não tem horas a fio para gastar a lutar contra os mesmos inimigos.
Tipicamente, as novas versões de jogos resumem-se - com sorte - a um grafismo melhorado, mas aplaudimos os produtores por terem escolhido mudar elementos que hoje em dia já não fariam tanto sentido como há 15 anos.
As mudanças gráficas de Dragon Quest Heroes também são significativas, com ambientes e personagens totalmente remodeladas para um estilo mais próximo dos Dragon Quest modernos - inspirado no criador de Dragon Ball, Akira Toriyama. Todas as localizações foram redesenhadas e encaixadas num ambiente 3D que podem girar a qualquer momento. Rodar a câmara não é uma função necessária neste jogo, mas fizemos-lo em várias ocasiões para apreciar o cenário ou descobrir algum segredo. Também gostámos do novo mapa desenhado à mão, visível no ecrã inferior da portátil. Não é a utilização mais original de sempre do ecrã, mas permite ver a nossa localização sem interromper o jogo - o que é precioso quando estão em masmorras. Uma última adição é o mini-radar, que localiza fragmentos e evita que percam tempo com buscas longas e aborrecidas. O esforço da equipa para acelerar o ritmo de Dragon Quest VII resultou, com mudanças pequenas e outras maiores, e é agora uma experiência bem mais apreciável.
Também é necessário referir a banda sonora. A versão japonesa de Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past incluía uma banda sonora de orquestra, mas isso desapareceu na versão europeia, substituída por faixas MIDI. Sabemos que muitos fãs vão odiar a mudança, mas acreditamos que é uma escolha razoável por parte da produtora. A versão orquestrada da banda sonora ocupava demasiado espaço, e a Square Enix decidiu reintroduzir a versão original de menor qualidade. É uma pena, mas percebemos o porquê da decisão.
Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past não falha na sua tentativa de homenagear um jogo com 15 anos, apresentando-o a uma nova geração de jogadores sem o embaraçar. As decisões para mudar a experiência de jogo não devem ter sido fáceis, sobretudo considerando a base apaixonada de fãs de Dragon Quest VII, mas acreditamos que as mudanças foram meritórias. A produtora encontrou uma fórmula equilibrada para rejuvenescer o jogo sem lhe retirar as características que o tornaram num clássico. Por outras palavras, como há uma grande probabilidade de terem deixado escapar o original, devem considerar seriamente esta versão de 3DS se são fãs do género. Uma recomendação fácil para quem tem saudades do original, ou para uma nova geração de jogadores.