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7 Days to Die

7 Days to Die

Uma premissa interessante, que acabou soterrada numa avalanche de problemas técnicos.

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O nosso estômago rosna com fome, enquanto vasculhamos uma casa abandonada à procura de algo que sacie essa necessidade. O relógio aproxima-se da meia-noite, e não tarda temos de voltar à "base". Finalmente! Uma caixa com feijões por trás de uma prateleira. Mas este tipo de comida, se a comermos, também nos vai desidratar em 10 pontos, algo que não é aconselhável neste momento. Guardamos a lata e seguimos caminho.

Hoje foi um bom dia. Conseguimos encher a nossa mochila com algumas armas e alguns recursos, mas... que barulho é este? Um zombie? Onde!? Não está nada à nossa volta, quando um zombie aparece do nada e nos agarra. Metralhamos o botão de ataque na esperança de escaparmos com alguma vida, mas sem sucesso. Perdemos, o que em 7 Days to Die significa que temos de começar tudo de novo com outra personagem.

Infelizmente o cenário que descrevemos em cima foi bastante comum neste jogo da The Fun Pimps. Trata-se de uma experiência de sobrevivência com zombies, que emprega sistemas realistas onde o jogador terá de se preocupar com necessidades como comer, beber, procurar abrigo, equipar agasalho, e encontrar armas. É um conceito interessante, que começa a tornar-se muito popular, mas que está ainda muito longe de atingir o seu potencial. E este 7 Days to Die não é o jogo que vai alcançar esse potencial, longe disso. Com grafismo datado, um mar, de problemas técnicos, e uma tremenda falta de cuidado, condenam severamente o jogo da The Fun Pimps.

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Sem qualquer tipo de aviso, ao olharem para o grafismo de 7 Days to Die pensariam que estavam a ver um jogo com cinco ou seis anos, talvez mais. Os modelos são básicos, os cenários estão despedidos, e as animações são trapalhonas. Como se isso não bastasse, o jogo sofre de uma terrível optimização - pelo menos na PS4 -, com muitas quebras de framerate que não são aceitáveis. O facto de terem tentado disfarçar a fraca qualidade técnica com um nevoeiro cerrado que impede visão a mais de 15 metros, é apenas um indício de como este jogo é péssimo a um nível técnico. Com problemas destes, seria de pelo menos esperar um mundo detalhado, mas as áreas geradas aleatoriamente são do mais aborrecido e vazio que temos visto ultimamente.

Vale a premissa base da jogabilidade, que não assim tão má. O objetivo é simples: sobreviver o mais possível, e como podem ter percebido na descrição em cima, os zombies não serão a vossa principal preocupação. Quase tudo no cenário pode ser recolhido e usado de uma forma ou outra. Para evitarem fome terão de caçar animais e tentar apanhar vegetais, ou vasculhar comida em locais abandonados. A temperatura também é um problema, e terão de se vestir a contexto. Se tiver muito frio, aproveitem as peles dos animais ou procurem algodão. Se tiver muito calor, tirem a armadura ou tentem criar algo mais leve. Tudo isto tem impacto nos atributos do jogador, e se não procurarem satisfazer as necessidades, vão morrer.

Também existem outras preocupações como doenças e lesões. Chegámos a morrer de infeções, disenteria, e outros problemas que não querem apanhar num mundo onde os antibióticos são escassos. É uma experiência que alguns vão odiar, e outros adorar. Nos encaixamos na segunda categoria. Ter um contador para o tempo de vida que temos devido a doença, enquanto enfrentamos um zombie para tentar encontrar medicamentos, é um tipo de intensidade que não se vê em todos os jogos.

Pena que o combate seja tão fraco. Só existe uma animação de ataque, sem qualquer tipo de impacto ou satisfação. Juntem-lhe controlos ineficazes, e combate repetitivo, para ficarem com todo o incentivo para evitarem combates - e não apenas para não morrerem. Há ainda o facto de que os zombies apresentam pouca variedade, e em pouco estarão fartos de os enfrentar - ainda que o leque de armas seja razoável. Outro problema é que o jogo falha em apresentar informações visuais, e recorre aos menus para informar tudo ao jogador, até para perceber que arma é melhor.

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7 Days to Die é acima de tudo um jogo de PC, e isso nota-se na forma como a The Fun Pimps procurou criar atalhos no comando. É tudo trapalhão e pouco optimizado. O simples ato de criar itens é muito mais complicado e aborrecido do que seria tolerável, já que obriga a navegar várias páginas de menus. Podem criar armas, munições, mobília, janelas, roupas, refeições... e tudo com recursos que acham no mapa. Já chegámos a ver algumas fortalezas criadas por jogadores que nos impressionaram.

Existem muitas mecânicas centradas no simples ato de sobreviver em ambientes hóstis, e podiam ter resultado numa experiência empolgante se não fossem os inúmeros problemas técnicos. Se conseguirem esquecer todas falhas gráficas e pobre optimização, até podem retirar alguns bons momentos de 7 Days to Die, mas não muitos. Os cenários despidos de vida e a falta de conteúdo variado torna a ação repetitiva em pouco tempo. Para já, parece um jogo numa fase muito primária de Acesso Antecipado, não um jogo para comprar na PS Store a preço inteiro. A não ser que sejam mesmo grandes fãs do género, evitem 7 Days to Die.

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05 Gamereactor Portugal
5 / 10
+
O conceito é sólido e interessante. Muitas opções de personalização.
-
Tecnicamente datado. Mundo vazio. Combate fraco. Controlos terríveis. Problemas de framerate. Erros técnicos.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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