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Quantum Break

Quantum Break

É um misto ambicioso de meios, mas terá sido bem sucedido?

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Quantum Break, o primeiro exclusivo de Xbox One que a Microsoft mostrou ao mundo, está finalmente disponível, e conta-nos a história de Jack Joyce, interpretado por Shawn Ashmore, e o seu melhor amigo, Paul Serene, interpretado por Aidan Gillen. Os dois vão ficar implicados em lados opostos de uma brecha no tempo, que ameaça a própria solidez do universo. Nos momentos iniciais podem pensar que é a história de um 'herói', que agora terá de lutar contra o seu antigo amigo, mas o enredo de Quantum Break vai um pouco mais longe, e as nuances narrativas ficam ao critério do jogador.

Em muitos aspetos, Jack Joyce é o herói típico. O seu irmão é que o verdadeiro génio na família, e a forma como acaba por se envolver nesta trama é previsível, embora a sua motivação para ligar a máquina do tempo logo no início do jogo, não seja particularmente elegante. As viagens no tempo são um dos tópicos mais populares da ficção científica, mas deixam normalmente muitos buracos narrativos. Quantum Break não consegue fugir totalmente a essa maldição, mas considerando o tópico, e o facto do jogador influenciar a história, acaba por ser impressionante o que a Remedy conseguiu neste jogo. Tirando alguns eventos e pormenores, Quantum Break é uma experiência coerente. Em cima disso tudo, utiliza uma estrutura atípica que mistura o jogo com vídeos reais, filmados com os mesmos atores.

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A estrutura de Quantum Break é a seguinte: ao completarem um ato, normalmente constituídos por 3 ou 4 capítulos, serão presenteados com duas escolhas que podem tomar. No primeiro capítulo vão tomar essa decisão como Paul Serene, e podem escolher matar todas as testemunhas do incidente ou incriminar Jack Joyce pelo sucedido. Isto significa que a testemunha morre e desaparece do jogo, ou permanece e deve ser salva. Estas decisões não têm um impacto no desenrolar dos níveis, mas mudam a narrativa, e podem incentivar os jogadores a procurarem uma segunda passagem pelo jogo. Entre cada um dos cinco atos, vão observar algo semelhante a episódios de uma série de TV, sem qualquer tipo de interação, mas os eventos que vão presenciar são influenciados pelas decisões que tomam e pela forma como interagem com buracos no tempo que vão descobrir ao longo da aventura. Como um todo, esperem gastar algo como 12 horas na primeira campanha de Quantum Break.

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Não sabemos se todos os jogadores vão apreciar este formato estilo episódio de televisão, mas ficámos impressionados com a sua qualidade. A produção como um todo pareceu-nos ao nível de algumas das melhores séries do momento, e trocaríamos de bom grado uma série de Quantum Break desta qualidade por muitas outras que estão na televisão. Gostámos que o jogo e a série se tivessem esforçado tanto para mostrar a história na perspetiva do "vilão", que também é jogável em alguns momentos.

O foco de um jogo destes está na narrativa, mas por trás da história existe um jogo de ação bastante interessante por mérito próprio. A introdução de poderes relacionados com o tempo ajudam a variar a ação na terceira pessoa, tanto em termos de táticas, como de inimigos que vão enfrentar. É um sistema de combate que oferece poder ao jogador, mesmo que a estrutura de jogo não seja nada de original. Basicamente seguem um percurso relativamente linear, intervalando arenas cheias de inimigos com alguma exploração. A mecânica base serve-se de um sistema tradicional de cobertura, a lembrar jogos como Uncharted ou Gears of War, mas as mecânicas de tempo ajudam a distinguir Quantum Break, já que incentivam o jogador a manter-se em movimento.

A jogabilidade em si é muito à base de ação, e terão de entrar em conflito com dezenas, senão centenas, de inimigos. Gostaríamos que o jogo tivesse conseguido ser um pouco mais flexível neste aspeto, sobretudo considerando os poderes de tempo. A possibilidade de agir de forma furtiva talvez tivesse ajudado a variar mais um pouco a estrutura, já que a mecânica de disparos é sólida, mas nada mais que isso. Quanto aos poderes, existem várias variedades que podem ser melhoradas com o avançar do jogo. Podem abrandar inimigos, mover a grande velocidade, ativar esudos e outras atividades, que nos lembram um misto de Uncharted com Infamous.

Narrativa e ação são os principais ingredientes de Quantum Break, mas também existe um pouco de exploração e puzzles. O cenário esconde vários colecionáveis, alguns que ajudam a evoluir os poderes do herói, outros que oferecem mais contexto na história. Não ficámos muito satisfeitos com esta opção, já que a quantidade de diários e e-mails que terão de ler pareceu-nos exagerada. Não é problema grave, longe disso, mas se estiverem à procura de reforçar a história, vão sofrer em termos de ritmo enquanto procuram e lêem documentos. Num lado mais leve, os mais atentos podem ainda descobrir algumas referências curiosas aos outros jogos da Remedy, em particular Alan Wake.

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Quanto aos puzzles, normalmente envolvem a manipulação de objetos presos no tempo. A sua presença no jogo parece-nos ter sido claramente desenhada por motivos de enredo e preenchimento da narrativa, e não tanto para desafiar o jogador, por isso não esperem muito desse lado de Quantum Break.

Como produto bastante ambicioso, ficámos surpreendidos com a qualidade geral do jogo. As interpretações são muito sólidas, a série de televisão funciona melhor que o esperado, a jogabilidade cumpre o seu papel, e a narrativa consegue sobreviver aos buracos normalmente associados às histórias sobre viagens no tempo. Parece-nos um jogo numa situação semelhante à de Alan Wake, no sentido em que tem falhas evidentes, mas que pode servir-se das suas particularidades para se tornar num clássico de culto entre alguns grupos de jogadores. Contudo, se o que procuram é um jogo de ação na terceira pessoa capaz de se bater com os melhores do género, não é isso que vão encontrar em Quantum Break. O combate não é impressionante e as secções de plataformas sofrem com animações de má qualidade. Mas se procuram uma proposta original e ambiciosa, e estão dispostos a investir na história de Quantum Break, vale a pena considerar este exclusivo de Xbox One.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
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Narrativa entusiasmante. Vídeos reais funcionam neste formato. Excelente elenco. Conceito muito ambicioso.
-
O combate não é muito envolvente. Secções de plataformas sofrem com animações pobres. Existem buracos no enredo.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Bengt Lemne

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