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Activision + Microsoft: O que significa para a PlayStation?

Um passo de gigante para que a Sony aceite ter o Game Pass na PlayStation?

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Activision + Microsoft: O que significa para a PlayStation?

A indústria dos videojogos não podia ter tido um início de ano mais bombástico. A Microsoft anunciou a aquisição da Activision Blizzard por 68.7 mil milhões de dólares, ficando a faltar a confirmação das agências reguladoras e a finalização do negócio, o que deve acontecer durante o ano fiscal de 2023 (1 de julho de 2022 a 31 de junho de 2023).

É o maior negócio da História dos videojogos, e como tal, pode ter grandes repercussões. A Microsoft passa a deter os direitos de algumas das licenças mais fortes da indústria, como Call of Duty, World of Warcraft, Diablo, Hearthstone, StarCraft, Candy Crush, Overwatch, Crash Bandicoot, e Spyro. Ao mesmo tempo acrescenta um enorme rol de estúdios e talento aos Xbox Game Studios, na forma de Blizzard Entertainment, Treyarch, Sledgehammer Games, King, Infinity Ward, Beenox, e Raven.

É um negócio tremendo, que vai inevitavelmente afetar a PlayStation - resta saber até que ponto.

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Não vale a pena estar com rodeios: mesmo com todas as críticas que a comunidade de jogadores lhe faz, Call of Duty continua a ser uma força tremenda na indústria de videojogos, ao ponto de ser anualmente um dos jogos mais vendidos de PlayStation e Xbox. É uma série tão enraizada no portfólio das duas consolas, que seria quase impensável considerar um futuro em que uma delas não teria Call of Duty... mas isso pode acontecer com este negócio.

Se a Microsoft assim o desejar, Call of Duty pode tornar-se um exclusivo Xbox, o que seria um golpe tremendo na PlayStation - pior só se a Microsoft comprasse a Electronic Arts e tornasse FIFA num exclusivo. É que estamos a falar de um dos maiores lançamentos todos os anos, e ainda do popularíssimo Call of Duty: Warzone. Se não estivessem na PlayStation, os milhões de jogadores de Call of Duty na PlayStation não teriam outra hipótese senão emigrar para o PC ou para a Xbox.

A Microsoft ainda não se prenunciou sobre o que será, ou não, um exclusivo em relação aos jogos da Activision Blizzard, mas partilhou a seguinte frase no comunicado de imprensa: "os jogos da Activision Blizzard são desfrutados numa variedade de plataformas, e planeamos continuar a suportar essas comunidades no futuro." Embora não seja uma mensagem clara, parece indicar que as séries que já estão nas outras plataformas podem continuar por lá.

Ou seja, vamos supor que Call of Duty vai continuar a sair todos os anos na PlayStation, que para já até nos parece o desenvolvimento mais provável. Call of Duty teria um lançamento anual de 80 euros na PS5, mas seria "gratuito" (via Game Pass) na Xbox e no PC. E a Microsoft se lhe apetecer nem sequer precisa de fazer promoções do jogo na PS Store. Mesmo só esta possibilidade já seria um duro golpe na Sony e na PlayStation.

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Activision + Microsoft: O que significa para a PlayStation?

Mas qual é o objetivo da Microsoft com isto?

O objetivo parece estar definido há já alguns anos: transformar o Game Pass num serviço praticamente indispensável, não só na Cloud, no PC, e na Xbox, mas em tantos dispositivos quanto possível. E isso inclui, claro, a PlayStation (e se possível, a Nintendo). Parece-nos que o Game Pass só não está na PlayStation porque a Sony não quer, preferindo apostar no seu serviço (em breve devemos ter novidades a este respeito), mas estes desenvolvimentos podem forçar a Sony a ter de aceitar o Game Pass.

falámos disto aquando da aquisição da Zenimax/Bethesda, como os jogos associados a esse negócio podiam servir como uma espécie de Cavalo de Tróia para colocar o Game Pass na PlayStation. Uma espécie de: "queres os jogos Microsoft na PlayStation? Só se meteres lá o Game Pass." Continuamos a acreditar nessa teoria, que ganha ainda mais força com a aquisição da Activision Blizzard.

E honestamente, seria isso assim tão mau? Ter o Game Pass na PlayStation? Claro que a Sony preferiria apresentar o seu próprio serviço, mas parece óbvio que nunca será capaz de competir com o Game Pass em si. Isto nunca aconteceria no futuro próximo, mas se a situação mantiver este rumo, parece-nos possível que o Game Pass acabe mesmo na PlayStation. E dessa forma a Microsoft poderia finalmente concentrar todas as agulhas no serviço.

Imaginemos essa possibilidade: a Sony aceita o Game Pass na PlayStation e a Microsoft desiste de produzir consolas, até porque já deixou claro que a sua plataforma agora é o Game Pass, não a Xbox. A comunidade de videojogos ficaria menos fragmentada, a Sony iria vender mais consolas PlayStation, e a Microsoft teria um serviço monstruoso com muitos milhões de assinaturas, presente no espaço mobile, nas consolas, no PC, e nas TV Smart. Parece-nos que ganhariam todos com esta situação.

Seja como for, a indústria de videojogos conheceu um terramoto no dia 18 de janeiro de 2022. Agora vamos ver que consequências e desenvolvimentos vão vir daí...

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